O salão da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Osasco, na Grande São Paulo, recebeu bom público na noite de sábado (1º) para debater os vinte anos do massacre de Corumbiara. O evento, organizado pela CUT São Paulo e pelo Instituto Adelino Ramos, marcou o lançamento de Corumbiara, caso enterrado, livro-reportagem da Editora Elefante que narra de maneira inédita os fatos ocorridos em 9 de agosto de 1995 na fazenda Santa Elina, no sul de Rondônia.

O debate teve a mediação de Valdir Fernandes, o Tafarel, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e contou com a presença do deputado federal Valdir Prascideli (PT-SP), do deputado estadual Marcos Martins, da vereadora local Mazé Favarão, de Célia Ramos, do Instituto Adelino Ramos, e de Gilmar Mauro, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na conversa, o autor de Corumbiara, caso enterrado, João Peres, apresentou um resumo da história ocorrida há vinte anos. Em julho de 1995, famílias sem-terra de todo o Cone Sul de Rondônia ocuparam um pedaço da fazenda Santa Elina, de 18 mil hectares. Durante operação de reintegração de posse iniciada na madrugada de 9 de agosto, doze pessoas morreram – nove posseiros, dois policiais e um homem não identificada. Cinco anos mais tarde, foram condenados três PMs e dois líderes da ocupação.

“Busquei construir essa história sem mitos, sem heróis. Este é um passo importante para que se respeite a inteligência, a autonomia do leitor para decidir o que ocorreu na Santa Elina”, disse o autor. “Os humanos erram, acertam. É preciso retratar a complexidade das relações humanas sem apelar a uma oposição entre bons e maus que não ajuda em nada a refletir sobre o que ocorreu.”

Antes do debate, uma missa foi celebrada pelo padre Bernard Leo Dolan em homenagem às vítimas do conflito. Durante o ato, o deputado Valdir Prascideli comprometeu-se a buscar a aprovação do Projeto de Lei 2.000, de 2011. O texto, de autoria do ex-parlamentar João Paulo Cunha (PT-SP), propõe a anistia dos sem-terra condenados pelo caso – Claudemir Gilberto Ramos, oito anos e meio de prisão, e Cícero Pereira Leite Neto, seis anos e dois meses.

Na tramitação pela Casa, o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) acolheu sugestão para que também os policiais fossem incluídos no rol de beneficiados. O projeto chegou a ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas nunca chegou a ser pautado para votação em plenário. Após passar pelo crivo dos depitados, o texto ainda tem de ser apreciado pelo Senado antes de seguir a sanção presidencial.

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