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As fronteiras do neoextrativismo na América Latina

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As fronteiras do neoextrativismo na América Latina: conflitos socioambientais, giro ecoterritorial e novas dependências
Autora: Maristella Svampa
Tradução: Ligia Azevedo
Edição: Tadeu Breda
Assistência de edição: Richard Sanches
Preparação: Alyne Azuma
Revisão: Beatriz de Freitas Moreira & Mariana Favorito
Capa & projeto gráfico: Bianca Oliveira
Lançamento: setembro de 2019
Páginas: 186
Dimensões: 13 x 21 cm
ISBN: 978-85-93115-45-5

Em estoque

Descrição

Instigados pelo boom das commodities, governos progressistas que chegavam ao poder na América Latina no início do século XXI enxergaram na intensificação da exploração de bens naturais com vistas à exportação uma forma eficaz de enfrentar a crise econômica — e de enfim alcançar o sempre distante objetivo de desenvolvimento de suas respectivas nações. Como nos mostra a socióloga argentina Maristella Svampa neste livro, a consequente intensificação da espoliação da natureza demandada por esse modo de produção logo fez com que, em nome do “progresso” e do “desenvolvimento nacional”, esses mesmos governos não titubeassem em violar direitos humanos e em pôr em risco patrimônios ecológicos. Contudo, essa nova dinâmica das lutas socioambientais acabou servindo de caldo de cultura para uma nova matriz de resistência social cuja preocupação central é a defesa da terra e do território sustentada por valores ambientalistas, autonomistas, indígenas, comunitários e feministas.

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No começo do século XXI, as economias latino-americanas se viram enormemente favorecidas pelos altos preços internacionais dos produtos primários (commodities) e começaram a viver um período de crescimento econômico. Essa nova conjuntura coincidiu com uma época caracterizada por intensas mobilizações sociais e pelo questionamento do consenso neoliberal e das formas mais tradicionais de representação política. Posteriormente, em diversos países da região, o ciclo de protestos foi coroado pelo surgimento de governos progressistas, de esquerda ou centro-esquerda, que, apesar das diferenças, combinaram políticas econômicas heterodoxas com a ampliação do gasto social e a inclusão por meio do consumo. Teve início então o que foi denominado de ciclo progressista latino-americano, que se estendeu pelo menos até 2015-2016.

Durante esse período de lucro extraordinário, para além de referências ideológicas, os governos latino-americanos tenderam a dar ênfase às vantagens comparativas do boom das commodities, negando ou minimizando as novas desigualdades e assimetrias econômicas, sociais, ambientais ou territoriais proporcionadas pela exportação de matérias-primas em grande escala. Com o passar dos anos, todos os governos latino-americanos, sem exceção, possibilitaram a volta com força de uma visão produtivista do desenvolvimento e buscaram negar ou encobrir as discussões acerca das implicações (impactos, consequências, danos) do modelo extrativista exportador. Mais ainda: de modo deliberado, multiplicaram os grandes empreendimentos mineradores e as megarrepresas, ao mesmo tempo que ampliaram a fronteira petrolífera e agrária, a última por meio de monoculturas como soja, biocombustíveis e coqueiro-de-dendê.

— Maristella Svampa, na introdução

 

SOBRE a autora

Maristella Svampa é socióloga, escritora e pesquisadora argentina. É formada em filosofia pela Universidade Nacional de Córdoba e doutora em sociologia pela École Pratique des Hautes Études, na França. É pesquisadora principal do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas [Conicet] e professora titular da Universidade Nacional de La Plata no campo da teoria social latino-americana. Em 2006, recebeu a bolsa Guggenheim e o diploma Konex em sociologia; em 2014, recebeu o diploma Konex em ensaio político e sociológico; em 2016, foi agraciada com o prêmio Konex de Platina em sociologia. Em 2019, foi agraciada com o Prêmio Nacional de Ensaio Sociológico, atribuído pela Secretaria de Cultura da Argentina, pelo livro Debates latinoamericanos: indianismo, desarrollo, dependencia y populismo (2016). Seus primeiros trabalhos se debruçam sobre os movimentos sociais e a sociologia política. Posteriormente, ela se concentrou no estudo da problemática socioecológica e no acompanhamento de diferentes lutas ecoterritoriais na América Latina. Escritos coletivamente, os livros 15 mitos y realidades de la minería transnacional (2011), publicado na Argentina, no Uruguai e no Equador, e 20 mitos y realidades del fracking (2014), ambos muito difundidos na região, são fruto do vínculo com as lutas socioambientais. Entre suas últimas obras constam Maldesarrollo: la Argentina del extractivismo y el despojo (2014, em colaboração com E. Viale) e Del cambio de época al fin de ciclo: gobiernos progresistas, extractivismo y movimientos sociales en América Latina (2017). É autora de três romances, todos situados na Patagônia argentina: Los reinos perdidos (2006), Donde están enterrados nuestros muertos (2012) e El muro (2013). Em 2018 também publicou o ensaio autobiográfico Chacra 51: regreso a la Patagonia en los tiempos del fracking.