Caça às bruxas e capital

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Caças às bruxas e capital:
mulheres, acumulação, reprodução
Autora: Silvia Federici
Tradução: Gisela Bergonzoni
Organização: Gabriella Palermo
Edição: Tadeu Breda
Assistência de edição: Érika Nogueira Vieira
Preparação: Érico Melo
Revisão: Eduarda Rimi & Tomoe Moroizumi
Capa & direção de arte: Bianca Oliveira
Assistência de arte: Yana Parente
Diagramação: Daniela Miwa Taira
Lançamento: fevereiro de 2025
Páginas: 100
Dimensões: 13,5 x 21 cm
ISBN: 9786560080744

Descrição

O estudo e a análise da caça às bruxas atravessam toda a produção teórica e a reflexão política de Silvia Federici. Neste novo texto, retomando alguns dos temas-chave de Calibã e a bruxa — a origem do capitalismo nos processos de cercamento das terras comuns e do corpo das mulheres, a separação entre produção e reprodução e a organização do trabalho reprodutivo na longa transição capitalista —, Federici nos oferece, mais uma vez, um método de crítica e leitura do presente que questiona incessantemente as origens e transformações do capital. […] Qual a atualidade da caça às bruxas? Ni una mujer menos, ni una muerta más: com esse verso, escrito em um poema contra o aumento de feminicídios em Ciudad Juárez, México, Susana Chávez, que foi vítima de feminicídio nessa cidade, deu nome a um movimento de alcance global contra a violência de gênero, o qual, a partir da América Latina, está reposicionando o mundo. Nas marés — assim se definem as manifestações oceânicas desse movimento feminista e transfeminista — apareceram muitas vezes cartazes com a frase “somos as bruxas que vocês não conseguiram queimar”. Na prática do objetivo de Reencantando o mundo, esse movimento, para o qual a obra de Federici representa uma importante referência, tem construído um feminismo de novo tipo, que, ao mesmo tempo que luta contra a violência estrutural e sistêmica, imagina e constrói outros espaços, nos quais o trabalho produtivo possa ser socializado e o cuidado possa se converter em um princípio de construção da comunidade, de relações e alianças excluídas dos parâmetros de valorização do capital. Três temas essenciais da produção de Federici são retomados em Caça às bruxas e capital e lidos através de novas lentes, a fim de também falar aos feminismos contemporâneos, aos quais a autora se dirige para identificar seus limites e potencialidades. Três temas: os velhos e novos cercamentos (enclosures); a reedição da caça às bruxas nas novas formas assumidas pela violência de gênero; a imaginação e a construção de novos mundos, novas relações, novos comuns (commons).

— Gabriella Palermo, no posfácio

 

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Este livro reúne as aulas do curso “Caça às bruxas e capital”, ministrado por Silvia Federici em abril de 2019 na Mediateca Gateway (hoje Punto Input) de Bolonha, Itália, no âmbito do projeto de formação política militante “Pensamento crítico” (hoje “Input de pensamento crítico”). […] Após reler, sob uma perspectiva feminista, o tema marxiano da acumulação e discutir a caça às bruxas e suas consequências sociais e psicológicas, Federici sistematiza a reflexão sobre a organização da reprodução na longa transição capitalista. […] Federici aborda, em seguida, a passagem da manufatura à grande indústria no século XVIII, quando o advento das máquinas estimulou ao máximo a produção, e a atividade de subsistência sofreu um declínio inexorável. Sobre essa fase de “crise da reprodução” , Friedrich Engels escreveu páginas tão cruas quanto explícitas em A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (1845 [1972, 2007]). Sua análise chega até os episódios cruciais, na segunda metade do século XIX, da criação do trabalho doméstico como o conhecemos hoje e da definição de uma nova relação entre os sexos, tutelada pela reprodução. Inventava-se a “dona de casa” e criava-se a família nuclear, sobre as quais o capitalismo fordista, a partir do início do século XX, construiria sua fortuna. A centralidade da reprodução nessa fase de transição capitalista é marcada também pela grande atenção dispensada por Federici às políticas keynesianas e ao New Deal, assim como — naquilo que mais nos interessa — à profunda crise do fordismo, quando, vitoriosas as lutas feministas dos anos 1970, uma grande massa de mulheres deixou suas casas, recusando o papel de esposas e mães que o capitalismo costurara para elas. A última fase analisada pela autora é a da reorganização produtiva e reprodutiva no período do neoliberalismo e da globalização. É a fase da economia da dívida e dos novos cercamentos, que atingem não somente os territórios, mas também as formas de vida e o próprio corpo das mulheres, com a reprodução adquirindo um papel cada vez mais central nos processos de valorização do capital — por esse motivo é que o capital se mostra cada vez mais interessado na desvalorização do trabalho reprodutivo, como vimos com a explosão da pandemia de covid-19. Cabe agora a nós, a partir desta longa digressão, desenvolver uma análise da reprodução social na nova fase de acumulação do capital. Uma análise feminista, materialista e radical sobre o presente, capaz de traçar novas linhas de ruptura para a prática política.

— Anna Curcio, no prefácio

 

 

SOBRE A AUTORA

Silvia Federici é uma intelectual militante de tradição feminista marxista autônoma. Nascida na cidade italiana de Parma em 1942, mudou-se para os Estados Unidos em 1967, onde foi cofundadora do International Feminist Collective [Coletivo internacional feminista], participou da International Wages for Housework Campaign [Campanha internacional por salários para o trabalho doméstico] e contribuiu com o Midnight Notes Collective. Durante os anos 1980, foi professora da Universidade de Port Harcourt, na Nigéria, onde acompanhou a organização feminista Women in Nigeria [Mulheres na Nigéria] e contribuiu para a criação do Committee for Academic Freedom in Africa [Comitê para a liberdade acadêmica na África]. Na Nigéria pôde ainda presenciar a implementação de uma série de ajustes estruturais patrocinados pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial. Atualmente, Silvia Federici é professora emérita da Universidade Hofstra, em Nova York. É autora de Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (Elefante, 2017 [2023]); O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista (Elefante, 2019); Reencantando o mundo: feminismo e a política dos comuns (Elefante, 2022); e Além da pele: repensar, refazer e reivindicar o corpo no capitalismo contemporâneo (Elefante, 2023); e coorganizadora, com Verónica Gago e Luci Cavallero, de Quem deve a quem? Ensaios transnacionais de desobediência financeira (Elefante, 2023), além de ter publicado inúmeros artigos sobre feminismo, colonialismo, globalização, trabalho precário e comuns.