Descrição
Este clássico dos estudos de gênero questiona a posição subalterna das mulheres nos cuidados de saúde na segunda metade do século XX. Para responder por que os médicos eram quase sempre homens e as mulheres, enfermeiras, Ehrenreich e English resgatam o papel das parteiras e curandeiras antes do estabelecimento da medicina e explicam como elas perderam espaço para homens de classe média em um violento processo que restringiu o acesso da população à saúde, conferiu autoridade inquestionável ao médico e relegou o conhecimento das chamadas “mulheres sábias” à superstição.
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Bruxas, parteiras e enfermeiras é um texto da segunda onda do feminismo nos Estados Unidos, publicado originalmente em 1973. Relendo-o quarenta anos depois, nos surpreendemos com sua assertividade, alcance e precisão, dada a escassez de materiais com os quais originalmente tivemos de trabalhar. Ao mesmo tempo, é um pouco constrangedor notar que algumas afirmações que fizemos à época carregam, hoje, um tom exagerado e panfletário. De lá para cá, muita coisa mudou, tanto historicamente quanto na nossa abordagem acadêmica, o que torna necessário lembrar que este livro foi escrito em meio à raiva e à indignação. Se algumas das fontes de nossa raiva agora parecem antiquadas, isso se deu por causa de trabalhos como Bruxas, parteiras e enfermeiras e do movimento que o originou — do contrário, poderiam ainda ser atuais.
— Barbara Ehrenreich & Deirdre English, na Introdução à segunda edição
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As mulheres sempre exerceram atividades de cura. Elas foram as médicas não licenciadas e anatomistas da história ocidental. Foram aborcionistas, enfermeiras e conselheiras. Foram farmacêuticas, cultivando ervas medicinais e trocando informações sobre seus usos. Foram parteiras que circulavam de casa em casa, de povoado em povoado. Por séculos, as mulheres foram médicas sem diploma. Banidas dos livros e das aulas, aprendiam umas com as outras, transmitindo sua experiência de vizinha para vizinha, de mãe para filha. Eram chamadas de “mulheres sábias” pelo povo, e de “bruxas” ou “charlatãs” pelas autoridades. A medicina é parte de nossa herança como mulheres: nossa história, nosso direito, nosso patrimônio.
— Barbara Ehrenreich & Deirdre English, na Introdução à primeira edição
SOBRE AS AUTORAS
Barbara Ehrenreich nasceu em Butte, Montana, Estados Unidos, em 1941. Doutora em biologia celular pela Rockefeller University, foi professora no departamento de ciências da saúde da Universidade do Estado de Nova York, em 1971, mas decidiu abandonar a docência para se dedicar ao ofício de escritora. Publicou mais de vinte livros sobre sexismo, saúde, economia, ciência e justiça social, dos quais destacam-se os best-sellers Miséria à americana (Record, 2004), O medo da queda: ascensão e crise da classe média (Scritta, 1989) e Desemprego de colarinho branco (Record, 2006). Faleceu em setembro de 2022.
Deirdre English nasceu em 1948 e trabalhou como editora-chefe da revista Mother Jones por oito anos. Cofundadora de um dos primeiros programas de estudos de mulheres nos Estados Unidos, foi professora na City College de Nova York e na Universidade da Califórnia em Santa Cruz e em Berkeley. Escreveu diversos ensaios e artigos publicados em periódicos e revistas como The Nation, The New York Times Book Review e Signs: A Feminist Journal.















