Descrição
Escrito por alguns dos principais ativistas e teóricos dos movimentos ambientalistas, do decrescimento e do endividamento, Colonialismo verde, v. 1, Geopolítica e transições ecossociais oferece uma análise poderosa e abrangente das forças e dos projetos que ameaçam o futuro do nosso planeta. Com escopo internacional, o livro demonstra as raízes e o caráter colonial da política do “extrativismo”, desmascara a natureza exploradora do capitalismo verde e destaca as estratégias e os movimentos que devemos apoiar para acabar com a devastação corporativa de nossas comunidades e da Terra. É uma leitura essencial para aqueles que estão lutando para criar um mundo em que “a vida esteja no centro”. Grupos de estudo devem ser organizados para disseminar suas propostas e sua visão de um futuro diferente, que afirme a vida.
— Silvia Federici
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A grande questão que o pensamento socioambiental crítico enfrenta atualmente é se a transição para um mundo pós-carbono pode ocorrer sem uma reforma radical do sistema de produção global. A resposta oferecida por essa coleção de análises impecavelmente documentadas e bem argumentadas é um retumbante “não”: um mundo pós-carbono precisa ser um mundo pós-capitalista.
— Walden Bello
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Se “verde” já foi sinônimo de “ecológico”, agora certamente não é mais: o negócio da catástrofe climática e do colapso ambiental é uma oportunidade de lucro transnacional. Essa excelente coletânea de ensaios analisa os contornos do poder que os capitalistas têm usado para continuar extraindo recursos do Sul Global. Além disso, graças às experiências e lutas dos autores, eles são capazes de fazer o que nenhum outro livro poderia: apontar para os muitos lugares e modos de resistência, oferecendo uma esperança decolonial genuína.
— Raj Patel
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Este livro extraordinário dá conta de uma situação planetária que constitui a nova tendência de dominação material e também moral dos países do Norte geopolítico sobre os países do Sul. Cada um de seus capítulos explora e expõe como, nas mais diversas regiões do planeta, mas com surpreendente afinidade, o Norte encontrou uma nova maneira de extrair valor do Sul. Por meio dessa excelente e bem articulada obra coletiva, testemunhamos não apenas o processo de expropriação de bens e recursos, mas também a usurpação do vocabulário com o qual havíamos nomeado um precioso objetivo histórico — também nosso — como a defesa do meio ambiente. Duplo roubo: da natureza e das palavras com as quais pretendíamos defendê-la. A proeza moral do Norte colonizador e seu discurso “verde” são mais uma vez construídos à custa da expropriação material e moral de um Sul sujo, manchado, espoliado, poluído e desertificado, forçado a entregar seu corpo e sua alma a um Norte “limpo”. A estrutura da colonialidade do poder, intocada pela passagem do tempo, ressurge diante de nossos olhos com novas roupagens… que raramente havia sido rastreada dessa forma.
— Rita Segato
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SUMÁRIO
Introdução
Transições lucrativas, colonialismo verde e caminhos para a justiça ecossocial
Miriam Lang, Breno Bringel & Mary Ann Manahan
Parte I
Transições hegemônicas e a geopolítica do poder
1. Transições energéticas globais e extrativismo verde
Kristina Dietz
2. Transição energética corporativa: o Triângulo do Lítio sul-americano como caso emblemático
Maristella Svampa
3. Descolonização da transição energética no Norte da África
Hamza Hamouchene
4. Os maiores poluidores podem salvar o planeta? Políticas de descarbonização nos Estados Unidos, na União Europeia e na China
John Feffer & Edgardo Lander
5. Acumulação e expropriação por descarbonização
Ivonne Yáñez & Camila Moreno
Parte II
Interdependências e implicações globais do colonialismo verde
6. Continuidades e intensificação da apropriação imperialista na economia global
Christian Dorninger
7. Enfrentando as dívidas eternas do Sul
Miriam Lang, Alberto Acosta & Esperanza Martínez
8. O que esperar do Estado nas transformações socioecológicas?
Ulrich Brand & Miriam Lang
9. Colonialismo verde em estruturas coloniais: uma perspectiva pan-africana
Nnimmo Bassey
10. Sob o jugo do comércio neoliberal “verde”
Rachmi Hertanti
11. “Soluções baseadas na natureza” e a mercantilização da governança ambiental mundial
Mary Ann Manahan
Parte III
Horizontes para um futuro habitável e uma vida digna
12. Resistir ao extrativismo e construir uma transição energética justa e popular na América Latina
Tatiana Roa Avendaño & Pablo Bertinat
13. Perspectivas ecofeministas da África
Zo Randriamaro
14. Um decrescimento feminista para perturbar a transição
Bengi Akbulut
15. Decrescimento, emergência climática e transformação do trabalho
Luis González Reyes
16. Nayakrishi Andolon: alternativas ao sistema agroalimentar corporativo em Bangladesh
Farida Akther
17. Desenhando transições regionais sistêmicas: uma experiência de pesquisa-ação na Colômbia
María Campo e Arturo Escobar
18. Rumo a um novo internacionalismo ecoterritorial
Breno Bringel & Sabrina Fernandes
SOBRE Os ORGANIZADORES
Miriam Lang trabalha como professora na Universidade Andina Simón Bolívar, no Equador, onde coordena o mestrado em Ecologia Política e Alternativas ao Desenvolvimento desde 2020. Colabora com o Grupo de Trabalho Permanente Latino-Americano sobre Alternativas ao Desenvolvimento e com movimentos sociais internacionalistas, feministas, ambientalistas e antirracistas. Desde 2016, é cocoordenadora do Grupo de Trabalho Global sobre Alternativas ao Desenvolvimento. Sua pesquisa atualmente se concentra na crítica ao desenvolvimento, nas alternativas sistêmicas e na implementação territorial do Bem Viver. Participa do Pacto Ecossocial e Intercultural do Sul.
Breno Bringel é professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pesquisador do CNPq e Senior Fellow da Universidade Complutense de Madrid. Coordena o Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina no Rio de Janeiro e o Observatório de Geopolítica e Transições Ecossociais em Madri. É editor do Global Dialogue, vice-presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia e membro do Pacto Ecossocial e Intercultural do Sul. Seu livro mais recente é Movimientos sociales y política en Brasil: origen y ocaso de la Nueva República (Clacso, 2024).
Mary Ann Manahan é advogada e ativista indonésia. Envolveu-se em várias campanhas de defesa de políticas de comércio justo, com foco em tratados de investimento, direitos de propriedade intelectual sobre sementes e medicamentos e impactos do comércio em energia e matérias-primas. Foi diretora executiva da organização Indonesia for Global Justice e atualmente trabalha como pesquisadora do Transnational Institute (TNI).