Por Tadeu Breda, editor da Elefante

 

Dez anos atrás, neste mesmo 5 de maio, estávamos esbaforidos, correndo de um lado para o outro, nervosos, felizes, tensos, medrosos, ansiosos, enfim, dominados por todos os sentimentos e expectativas típicos de quem lança o primeiro livro. (Lançar um livro, nossa, que realidade mais distante da nossa vida naquele então…) Sim, a ideia era tão somente lançar um livro — no caso, O Equador é verde: Rafael Correa e os paradigmas do desenvolvimento. Nenhum de nós pensava seriamente em ter uma editora.

Estávamos muito ocupados correndo atrás do sustento em nossos empregos como freelancers, e não fazíamos a menor ideia de como organizar e tocar uma casa editorial. Não sabíamos o que era ISBN, por exemplo, muito menos ficha catalográfica. Menos ainda estávamos familiarizados com a burocracia de CNPJ e notas fiscais e consignações e… ai, que preguiça. Mas resolvemos publicar mesmo assim. Agitamos um lançamento com pamonha, banana chips e cerveja artesanal grátis estrategicamente anunciada nos panfletos de divulgação. Mais de duzentas pessoas apareceram, entre amigos, familiares e curiosos — estes mais interessados pelos tons dourados da cevada.

Dez anos… Tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou.

Ainda queremos fazer uma grande retrospectiva da trajetória dos paquidermes, mas não agora: estamos no meio de uma pandemia violenta, de um governo genocida, de uma agenda de publicações excitante e exaustiva, e preferimos manter o foco nos lançamentos e nas lives — que, de certa forma, já vêm resgatando partes dessa linda e difícil história feita de 67 livros e muito muito muito muito muito trabalho.

Até o fim do ano publicaremos um texto beeeeem longo que provavelmente ninguém vai ler mas tudo bem sobre os dez anos da Elefante. Mas não podíamos deixar de marcar a data: aquela noite de outono em 2011 que, vista com os pés na barbárie de 2021, parece outra vida. Aquele lançamento meio que sério, meio que de brincadeira. Aquele 5 de maio em que nosso destino começaria a mudar sem que sequer desconfiássemos disso.

Graças àquele dia, hoje os leitores podem contar com uma editora — e nós queremos continuar contando com vocês, agora e pelos próximos dez, vinte, trinta anos. Que seja eterno enquanto dure (e salve o breguerê!).

Obrigado por estarem conosco. Vamos juntos, em manada.

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