Agrotóxicos e colonialismo químico

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Agrotóxicos e colonialismo químico
Autora: Larissa Mies Bombardi
Apoio: WWF & Fundação Heinrich Böll
Edição: Tadeu Breda
Revisão: Luiza Brandino & Laura Massunari
Cartografia: Pablo Nepomuceno & Valdeir Cavalcante
Capa: Túlio Cerquize
Direção de arte: Bianca Oliveira
Assistência de arte: Sidney Schunck
Lançamento: outubro de 2023
Páginas: 108
Dimensões: 13 x 18 cm
ISBN: 9786560080225

Descrição

Os agrotóxicos atingem com muito mais força mulheres, crianças, indígenas e camponeses que vivem no entorno dos cultivos de commodities, mas fazem parte do dia a dia de toda a população, já que estão presentes na água e na alimentação de cada vez mais pessoas. O Brasil é o maior consumidor mundial dessas substâncias, com mais de 700 mil toneladas por ano. Este livro compila dados alarmantes que nos permitem começar a compreender a gravidade do problema representado pelo uso massivo de herbicidas, pesticidas e fungicidas para a saúde humana e para o meio ambiente, uma consequência direta da globalização da agricultura, da concentração fundiária brasileira e da onipresença do agronegócio no país. Da leitura, emerge a certeza de que produção agrícola deixou de ser sinônimo de produção de alimentos, e que a saída está na agroecologia.

 

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Para alguns, este livro servirá de ponto de partida para entender como foi possível que um único sistema agroalimentar se espalhasse física e ideologicamente pelo planeta. Para outros, será um ponto de interrogação: por que cultivos que não alimentam seguem se expandindo ano após ano — e, pior, contando com uma profunda complacência diante da promessa eternamente renovada de que a solução para o problema da fome está finalmente a caminho? No Brasil, a soja, esse grão exótico que nenhum de nós come, é o vetor de uma guerra cultural chamada agronegócio. É o micro-organismo que une o latifundiário dos Pampas ao grileiro de Santarém, no Pará; o prefeito no interior de Mato Grosso ao desembargador no litoral da Bahia; o cantor sertanejo ao dono do frigorífico. Debaixo de colheitadeiras e biotecnologia, por trás da face tech, o recurso didático é o mesmo de sempre: a pólvora. É o colonialismo na forma de venenos que os europeus já não querem e do mito da agricultura de precisão, que fumiga os vizinhos dos latifúndios, adoecendo o corpo e afetando a mente. Junto com o casco do boi, a soja transgênica expulsa o Guarani e o Kaingang no Sul, o beiradeiro da Amazônia e o geraizeiro no Cerrado. A onça, a sucuri e a capivara. O arroz, o feijão e a mandioca. Expulsa, violentamente, a crítica — inclusive a de Larissa, obrigada a se mudar para a Bélgica após uma série de episódios traumáticos. Quando tudo já era suficientemente trágico, eis que o agronegócio e o mercado financeiro encontraram no bolsonarismo a possibilidade de catapultar a acumulação primitiva e a destruição do planeta. Desse encontro nasceram o dinheiro e a estrutura necessários para dar ritmo de progressão geométrica à expansão da soja, que ameaça se tornar a primeira cultura agrícola a reinar do extremo sul ao extremo norte do país. O futuro não está nas páginas do livro de Larissa: é ao presente que ela nos convida, à urgência de um fim de mundo que se apresenta voraz. A pesquisadora reflete sobre a perseguição à cultura camponesa — especialmente às mulheres — e nos conclama a entender por que os conhecimentos acumulados ao longo de séculos são a única esperança de nos salvarmos do capitalismo.

— João Peres, na orelha

 

SOBRE A AUTORA

Larissa Mies Bombardi é professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, vive na Europa e desenvolve pesquisas no Institut de recherche pour le développement (IRD), em Paris, França, sob o Programme national d’accueil en urgence des scientifiques et des artistes en exil (Pause). É especialista no tema do uso de agrotóxicos, com dezenas de palestras, artigos e entrevistas publicadas em periódicos e meios de comunicação brasileiros e internacionais. É autora dos atlas A Geography of Agrotoxins Use in Brazil and its Relations to the European Union [Uma geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e suas relações com a União Europeia] (2019) e Geography of Asymmetry: The Vicious Cycle of Pesticides and Colonialism in the Commercial Relationship between Mercosur and the European Union [Geografia da assimetria: o ciclo vicioso de pesticidas e colonialismo na relação comercial entre Mercosul e União Europeia] (2021). É integrante do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, no Brasil, membro da organização internacional Justice Pesticide e pesquisadora convidada do Helmholtz-Centre for Environmental Research (UFZ) em Leipzig, Alemanha.