Descrição
Após quase dois anos de trabalho, o jornalista Tadeu Breda escreveu um extenso livro sobre o Equador antes, durante e depois da ascensão do presidente Rafael Correa e sua Revolução Cidadã. Porém, O Equador é verde – Rafael Correa e os paradigmas do desenvolvimento não fala apenas de política: questões econômicas, sociais e ecológicas permeiam as 320 páginas que constroem o retrato mais fiel já publicado em língua portuguesa sobre a história recente do nosso pouco conhecido país vizinho.
O Equador é verde foi a primeira publicação da Editora Elefante. Os exemplares demoraram para se esgotar: foram mais de quatro anos. Mas se esgotaram.
O livro aborda a transição reformista que vem ocorrendo no Equador e os conflitos produzidos no seio da sociedade equatoriana devido ao processo de transformação. Para cumprir com este objetivo, Tadeu Breda acompanhou de perto as eleições de 2009 e conversou pessoalmente com os principais candidatos presidenciais: Lucio Gutiérrez, Álvaro Noboa e, claro, Rafael Correa, que acabou vencendo a peleja e garantindo mais quatro anos no cargo.
Igual atenção foi dada ao movimento indígena, principal força social do país e ponta de lança das transformações políticas, econômicas e sociais que estão acontecendo por lá. Uma delas é a nova Constituição Plurinacional, que ocupa posição de destaque no livro. A Carta Magna equatoriana foi a primeira na América Latina em reconhecer direitos à natureza e adotar um princípio indígena (Sumak Kawsay ou bom-viver) como modelo de desenvolvimento.
O autor também procurou entender as influências ideológicas que definem o governo da Revolução Cidadã. Assim, pôde trazer elementos que ajudam a compreender porquê Rafael Correa fala tanto em Simón Bolívar e o que significa Socialismo do Século XXI.
Os desafios ecológicos estão presentes no relato sobre um dos maiores desastres ambientais de que se tem notícia – e que aconteceu na Amazônia equatoriana quando a companhia estadunidense Texaco (hoje Chevron) despejou na floresta milhões de galões de petróleo e outros elementos tóxicos. O resultado foi a contaminação do ar, da água e do solo devido às piscinas negras que há mais de 30 anos permanecem a céu aberto em meio à mata. A população sofre diretamente os efeitos da tragédia: os índices de câncer são os mais altos do país, e o desenvolvimento humano, o mais baixo.
O livro termina com um texto aprofundado sobre a tentativa de golpe de Estado (ou teria sido motim policial?) que em setembro de 2010 manteve Rafael Correa sequestrado e à mira de pistola durante horas – e quase lançou o país novamente na instabilidade institucional.
“Fruto do que pretendia ser uma grande reportagem, o trabalho de Tadeu Breda ultrapassou o almejado pela qualidade das questões e análises sobre o que vem acontecendo no Equador”, opina Maria Helena Capelato, titular de História da América Latina na Universidade de São Paulo (USP).