“Saudosa vitamina D é uma tentativa de diário pseudo fantasioso durante um momento em que governou o distúrbio e a desorientação, e algum alívio cômico se fez mais que necessário.” Caso os quadrinhos deste livro precisassem de complementação, esse trechinho da introdução daria conta do recado.
Trancado em casa, breno procurou externar o mal-estar que sentia (sentíamos) durante os primeiros meses (anos) da pandemia — aquele (este) tempo desventuroso em que registrávamos diariamente mortes às dezenas, depois centenas e por fim milhares, voltando lentamente às centenas e dezenas.
A série foi publicada de tempos em tempos na internet, socializando o alívio (nem tão) cômico que se realizava com nanquim ao longo da interminável quarentena. É por isso que virou livro.
“Curiosamente, vendo esses desenhos e textos, você não fica mais deprimido do que já estava. Quando um sujeito consegue encarar essa realidade descaralhada de um jeito criativo e original, é sinal de que nem tudo está perdido”, escreve o humorista, cartunista e músico Reinaldo Figueiredo, na quarta capa.
Poderia esta publicação ser encarada como apenas mais uma entre tantas válvulas de escape para as angústias de um indivíduo que não sabia o que fazer da vida enquanto se escondia do coronavírus? Sim, com certeza! Porém estamos falando aqui de um artista conectado à realidade não pelo celular, mas pelo sentimento do mundo — e algumas doses de cachaça.
Daí que seu desespero ressoe em todas as gentes que padecem da mesma condição: preocupar-se com o outro. Afinal, saudade de vitamina D nada mais é do que saudade de sol. E o sol continua sendo o único que brilha para todes.