Vozes afro-atlânticas reúne autobiografias de escravizados americanos

Livro traz 21 relatos que reafirmam luta por liberdade, como o de Solomon Northup, de Doze anos de escravidão

Publicado na Ilustrada

 

Em seu celebrado relato autobiográfico Quarto de despejo, a autora Carolina Maria de Jesus escreve que “há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá… isto é mentira”. “Mas as misérias são reais.” Ciente de possíveis acusações em torno da veracidade dos relatos que constam em seu diário, ela reafirma a verdade da sua experiência a partir da escrita.

Em Vozes afro-atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade, do historiador Rafael Domingos Oliveira, aprendemos que esse gesto de defesa é parte de uma longa história de luta por liberdade.

Com sólido rigor metodológico, ele aborda um conjunto heterogêneo de 21 autobiografias de escravizados e libertos produzidas no hemisfério norte, sobretudo nos Estados Unidos, entre 1770 e 1890.

É o caso de Solomon Northup, que se tornou mundialmente conhecido com o premiado filme “Doze Anos de Escravidão”. Nascido livre, foi sequestrado e escravizado aos 33 anos até conseguir a liberdade 12 anos depois.

Em sua autobiografia, publicada em 1853, relata os horrores vividos nesse período, dando vazão não apenas à violência, mas também à vulnerabilidade humana daqueles que eram vistos como meras forças produtivas. Não à toa, Oliveira afirma que essas narrativas são um grande testemunho da dignidade humana.

Também pode te interessar