Na noite de 24 de novembro, nosso Elefante vai descer a Brigadeiro, pomposo que só, no seu passo lento e folgado, como bem entender, para chegar à cerimônia de entrega do Prêmio Jabuti no Auditório do Ibirapuera. Avisa o novo prefeito João Trabalhador que, até lá, é melhor não privatizar o parque, porque a gente vai passar sem pagar pedágio. Bem, isso se tivermos um pouquinho mais de sorte.
Sim, amigas e amigos! Corumbiara, caso enterrado, livro-reportagem de João Peres e Gerardo Lazzari, está entre os dez finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Reportagem e Documentário. A premiação já vai na sua 58ª edição e é, sem dúvida, uma das mais importantes do cenário literário brasileiro. Os vencedores serão conhecidos em 11 de novembro. No ano passado, nosso Elefantinho cruzou os pampas para receber o segundo lugar do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil seção Rio Grande do Sul e pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
Nenhum dos nossos livros é lançado pensando nos prêmios. Mas, quando eles vêm, a gente não se queixa, não. Vamos em frente. Ainda mais neste ano-treta. Não é qualquer nota falar sobre latifúndio, ditadura e violação de direitos humanos no Brasil do presidente Fora Temer Golpista. A propósito, ao lançar o livro-reportagem sobre o massacre de Corumbiara, em julho de 2015, fomos chatos ao ressaltar a importância do episódio ocorrido na localidade de Corumbiara, há vinte anos, como uma mostra de que não temos uma democracia consolidada.
É claro que não imaginávamos que a desgraceira política pudesse chegar tão longe. Mas aí está ela, a cada dia, mostrando que estamos muito longe do horizonte que queremos. E isso só faz reforçar o sentido de trabalhos como o da Editora Elefante. Neste ano, chegaremos a onze títulos. É bastante para quem conta apenas com os trocados do bolso para fazer virar a bagaça. E temos orgulho de ver que nossos livros, por mais diferentes que sejam nas temáticas, têm uma linha em comum: remar contra a corrente, fazer da teimosia uma regra, trazer à tona os assuntos mais cabeludos.
Vamos torcer para que o Elefante ganhe um amigo Jabuti, claro. Mas o verdadeiro prêmio recebido por Corumbiara, caso enterrado foi a acolhida que tivemos em Vilhena, na casa do Newton Pandolpho e de sua família; em Colorado do Oeste, onde o Marcel Eméric Araújo lotou o auditório do IFRO (que, por sinal, foi ocupado pelos secundaristas em luta) pra receber nossa publicação; em Rolim de Moura, onde Carlos Trubiliano nos abriu as portas da UNIR; em Ji-Paraná e Ariquemes, graças às articulações das irmãs Renata e Juliana Nóbrega; e em Porto Velho, e aí é quando faltam palavras para agradecer a todo o apoio que tivemos da Laura Massunari.
João Peres, Gerardo Lazzari e Corumbiara, caso enterrado ganharam seu maior troféu quando sensibilizaram e moveram uma maré de solidariedade que envolveu todas essas pessoas — e muitas mais — em torno da necessidade de fazer memória das vítimas, das histórias e das injustiças brasileiras. Com certeza, os maiores louros que poderíamos colher com este trabalho, os colhemos durante o périplo rondoniense. Depois disso, o que mais vier é lucro. E tomara que venha. E se não vier, tubo bem. Seguiremos buscando novos incômodos.