Descrição
Este livro foi preparado a partir de experiências político-educativas que atuam para desestabilizar relações de poder, despertar questionamentos, inspirar a organização coletiva, promover o diálogo-luta e o conhecimento crítico compartilhado. Nossa ferramenta de subversão é a Rede Emancipa de Educação Popular. Mas não só. Viemos alimentar a tensão criativa entre a educação popular e a universidade.
Este é um livro-síntese, um objeto político que agrega diversas celebrações. Com ele, comemoramos os quinze anos da Rede Emancipa, os cinco anos da Universidade Emancipa e os cem anos de Paulo Freire, em um único volume. É uma coletânea polifônica, construída por 65 autores que expressam um acúmulo coletivo de pesquisa e ativismo de educação popular e de pedagogia crítica e freiriana, em perspectiva internacional.
Não estamos falando de uma “educação popular” obediente e assistencialista, adaptada à subjetividade da cultura neoliberal e à lógica da competição infernal das individualidades. Pelo contrário: caminhamos na contramão do pensamento dominante e encontramos na educação popular uma forma de reerguer vozes silenciadas, conquistar espaços de maneira radicalmente coletiva e movimentar as estruturas. Isso requer uma atitude ao mesmo tempo paciente e dinâmica, programática e esperançosa.
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Introdução
Alimentar a tensão criativa entre educação popular e universidade — Joana Salém Vasconcelos, Maíra Tavares Mendes, Daniela Xavier Haj Mussi
Abertura: educação popular em tempos de barbárie
Paulo Freire em tempos de barbárie — Fátima Freire
Retomar o sonho interrompido para esperançar e educar em tempos de barbárie — Moacir Gadotti
Parte I — Paulo Freire: passado e presente
As ideias de Paulo Freire continuam poderosas — Peter McLaren
Paulo Freire e o golpe de 1964: história, memória e esperança — Dimas Brasileiro Veras
Paulo Freire e sua ação no Chile — Jacques Chonchol
São Tomé e Príncipe: diálogos entre Paulo Freire e Alda do Espírito Santo — Ednéia Gonçalves
Trabalhar com Paulo Freire: um privilégio histórico — Lisete Arelaro
Freire secretário da Educação de São Paulo: gestão democrática e valorização docente — Iracema Santos do Nascimento
Rap…ensando a Educação: Paulo Freire e a práxis antirracista — Cristiane Correia Dias & Eduardo Januário
Parte II — Territórios freirianos
Aprender a saber, partilhar o saber: algumas ideias como um chão pronto para semear propostas de uma educação ambiental — Carlos Rodrigues Brandão
Freire, marxismos e feminismos — Giovanna Marcelino
Paulo, as pedras e as flores do caminho — Chico Alencar
Territórios freirianos: contribuições de Paulo Freire na luta e construção da pedagogia do Movimento sem Terra (MST) — Alessandro Santos Mariano & Eric de Oliveira
Trajetória de luta do povo Tupinambá de Olivença e Paulo Freire: diálogos no sul da Bahia — Nathalie le Bouler Pavelic
Constelações freirianas: experiências do Coletivo Meridional e Intercultural de Estudos Latino-Americanos (Comiel) — Christian A. Cruz Cruz, Daniela M. Flores Reyes, E. Gabriel García Rodríguez, Pavel González Sánchez, Elizabeth Gómez García, Verónica Luna Hernández, Miriam V. Verástegui Juárez, Nancy Zúñiga Acevedo
Educação popular para a formação política: a experiência da Rede Nacional de Educadores Populares do infp/Morena no México — Cristina Cavalcante
Educação popular e universidade: territórios freiriano — Maria do Socorro Pereira da Silva
Caminhos teóricos e metodológicos para a práxis a partir das universidades: inspirações freirianas — Inny Accioly
Parte III — O prisma emancipa
“Volta pra base e vai procurar saber!”: a necessidade estratégica da educação popular contra a barbárie no Brasil — Maurício Costa de Carvalho
A educação libertadora e a prática da educação popular no Brasil: experiências da Rede Emancipa — Tatiane Ribeiro
Educação popular na Amazônia: dez anos de Rede Emancipa Belém — Angélica Tassiane dos Santos Barros, Fabíola Barroso Cabral, Inêz Freitas Medeiros, Jorge Martins Evangelista Junior, Lucia Isabel da Conceição Silva, Paula Maíra Alves Cordeiro
É possível educar para a liberdade em um espaço de privação de liberdade? Considerações sobre educação popular, socioeducação e as lutas pela vida no Rio de Janeiro — Letícia Santos Pinheiro, Marília Bittencourt Bovolenta, Olga Grichtchouk
Apontamentos desde Guaíba (RS) sobre as percepções do trabalho realizado na Rede Emancipa — Alfabetização — Líbia Aquino
O pensamento de Paulo Freire como referência para as ações do Cursinho Popular Darcy Ribeiro da Rede Emancipa em Montes Claros (MG) — Bárbara Figueiredo Souto, Kleber Barbosa Oliva Filho, Maria Alice Mendes Pereira, Mônica Maria Teixeira Amorim, Samira Xavier Machado
A educação popular no ensino de português como língua de acolhimento (PLAC) para imigrantes em São Paulo — Josefina Lopes Simões
Esperançar em muitas vozes: o trabalho com as camadas populares para o ingresso na pós-graduação — Tatiana de Souza Montório, Alessandra Garcia Nogueira Lucio, Maria Simone Euclides, Eliane Alves da Silva
Núcleo de Psicologia Emancipa: surgimento, contribuições e atuações — Ana Carolina Paz, Ângela Bernardes, Paula Figueiredo, Raquel Almeidah
Educação popular anticapacitista: reflexões sobre acessibilidade na Universidade Emancipa — Jairo Maurano Machado, Adriana da Silva Maria Pereira, Miriam Viridiana Verástegui Juárez
Nô sta djuntu! Estamos juntos! O surgimento do Emancipa Malês — Emancipa Malês
A celebração do legado de Paulo Freire e a proposta de uma conferência popular na Universidade de Cambridge — Alexandre da Trindade, Juliana Spadotto
Um novo mundo, uma nova imagem do mundo: Cinemancipa e o audiovisual na educação popular contemporânea — Thiago B. Mendonça
Como fazer um filme freiriano? Rastros de um processo — Estela Costa, Letícia Pires, Thiago Rosado
SOBRE aS ORGANIZADORaS
Joana Salém Vasconcelos é graduada em história pela Universidade de São Paulo (USP), mestra em desenvolvimento econômico pela Universidade de Campinas (Unicamp) e doutora em história econômica pela USP. É professora de história contemporânea na Faculdade Cásper Líbero e professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Mundial da Universidade Federal do ABC (UFABC). Especialista em história da América Latina nos séculos XX e XXI, sobretudo de Cuba e Chile, é coordenadora editorial da revista Latin American Perspectives, nos Estados Unidos, e pesquisadora do Centro de Estudos de História Agrária da América Latina, no Chile. Cofundadora da Rede Emancipa de Educação Popular em 2007, foi professora de história do Brasil e coordenadora de círculos de cultura em três cursinhos populares do movimento, entre 2010 e 2019 (CP Carolina de Jesus, CP Antônio da Costa Santos e CP Salvador Allende). Desde 2019, é coordenadora da Universidade Emancipa. Suas publicações e pesquisas estão disponíveis em: https://fflch.academia.edu/JoanaSalemVasconcelos.
Maíra Tavares Mendes é bióloga formada pela USP e cofundadora da Rede Emancipa. Realizou pesquisas com e sobre a Rede Emancipa no mestrado em educação Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no doutorado em educação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Fundou e coordenou cursinhos da Rede Emancipa em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, dedicando-se especialmente à formação de professores na perspectiva da educação popular. Desenvolveu estágio de pós-doutorado na Faculdade de Educação da USP sobre estratégias de permanência estudantil de estudantes negres, indígenas, quilombolas, com deficiência, mães e trans. É professora adjunta na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) em Ilhéus (BA), onde é colíder do grupo de pesquisa Grapeuni, investigando acesso, permanência e evasão na universidade. Participa da Rede Universitas/Br. Concilia as atividades de professora, pesquisadora e militante com a maternagem de uma criança incrível que se chama Jorge. Suas publicações e pesquisas estão disponíveis em: https://uesc.academia.edu/MaíraTavaresMendes.
Daniela Mussi é formada em ciências sociais pela Unicamp e em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestra e doutora em ciência política pela Unicamp. Realizou estágio de pós-doutorado na USP. Foi pesquisadora visitante na Universidade Columbia, nos Estados Unidos. Atualmente, é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde coordena o projeto de extensão EduPolítica, e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Unicamp, onde coordena o Laboratório de Pensamento Político (Pepol). Faz parte do Núcleo Democracia e Desigualdades do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). É especialista no pensamento político de Antonio Gramsci e foi coordenadora científica no Brasil da International Gramsci Society. É editora da revista Outubro. Quando estudante, foi diretora da UNE Mulheres e coordenadora da Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (2005-2006). Ativista da Rede Emancipa desde 2016, é fundadora da Universidade Emancipa, movimento social que coordena desde 2017. Suas publicações e pesquisas estão disponíveis em: https://ufrj.academia.edu/DanielaMussi.