Corumbiara, caso enterrado é recebido na ECA-USP com debate sobre jornalismo independente
O livro-reportagem Corumbiara, caso enterrado foi apresentado na noite de ontem, 3 de setembro, a estudantes de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Foi o último evento realizado em São Paulo antes da sequência de debates e lançamentos em Rondônia, palco do conflito agrário conhecido como “massacre de Corumbiara”, cuja história e desdobramentos são destrinchados pela obra de maneira inédita. O périplo se inicia na próxima quinta-feira, 10 de setembro, em Colorado do Oeste.
O autor João Peres foi à ECA-USP a convite dos professores Dennis Oliveira e Luciano Maluly. Cerca de trinta estudantes participaram do debate, formulando perguntas principalmente sobre as dificuldades de produção de Corumbiara, caso enterrado – o que rendeu uma longa discussão sobre os desafios do jornalismo e de publicações independentes, além de reflexões sobre a importância de abordar, em profundidade, episódios mal explicados da história recente do país amplamente ignorados pelos meios de comunicação.
“Foi uma conversa muito produtiva. Os estudantes demonstraram bastante interesse em debater o livro e, para além dele, os desafios frente ao jornalismo neste momento complicado”, explica João Peres, ressaltando que as empresas de comunicação passam por uma de suas maiores crises, com demissões em massa, redução de circulação e perda de relevância. O autor sublinhou ainda a importância de trocar experiências com a universidade – e com a ECA, em particular, onde se gradou e onde nasceu a Editora Elefante.
“O diálogo com o mundo acadêmico é sempre muito importante. Até agora, temos visto que está nas faculdades um dos públicos que mais teve interesse pelo livro”, afirmou, ao citar que a série de debates e lançamentos em Rondônia só será possível graças ao engajamento da comunidade universitária local. “No caso da ECA, pela ligação afetiva, havia a expectativa de saber qual seria o grau de envolvimento dos alunos com um tema que, a princípio, nos parece tão distante. O resultado da conversa foi surpreendente nesse sentido porque várias das perguntas demonstraram uma vontade grande de saber mais.”