Os constantes blecautes de Porto Velho e uma sexta-feira de calor não conseguiram espantar os alunos do curso de Jornalismo da União das Escolas Superiores de Rondônia (Uniron), que na sexta-feira, 19 de setembro, compareceram em peso ao auditório localizado no campus Shopping para debater Corumbiara, caso enterrado, mesmo em meio a mais um corte de fornecimento de energia elétrica na capital que sedia duas das maiores hidrelétricas do Brasil — Jirau e Santo Antônio.
O livro-reportagem da Editora Elefante está manjado: circula pelos corredores da universidade desde que foi lançado, no último 20 de julho, o que fez com que alunos e professores estivessem afiados nas reflexões a respeito do chamado “massacre de Corumbiara”, fato central do trabalho do jornalista João Peres. O formato de mesa-redonda privilegiou, num primeiro momento, intervenções dos docentes, e em seguida os estudantes puderam fazer comentários e perguntas, numa proposta feita pela professora Cristiane Paião, uma das organizadoras do evento, para priorizar a troca de ideias.
As questões foram variadas. Muitos quiseram saber sobre os bastidores da apuração, especialmente a respeito de ameaças e intimidações. Outros abordaram as dificuldades de levar adiante iniciativas de jornalismo independente no Brasil, particularmente em Rondônia. Como em outras ocasiões, surgiram perguntas sobre como um profissional de São Paulo se interessou por um caso tão distante geograficamente.
Em nota publicada na página da Uniron, a professora Marcela Ximenes ressaltou que o evento é necessário para que os alunos de Jornalismo conheçam, durante a formação acadêmica, o ambiente da grande reportagem. “Os alunos vão ter contato com um escritor que se aprofundou no caso, muito mais que os próprios veículos de comunicação da época. Poderão entender que uma história não tem só um ou dois lados, e sim vários”, comenta.