Ana Paula Bortoletto: rotulagem nutricional e escolhas alimentares
Publicado em Nexo Jornal
Qual o impacto da rotulagem nutricional nas escolhas alimentares?
Neste vídeo da seção ‘Pergunte a um pesquisador’ do Nexo Políticas Públicas, a professora doutora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) Ana Paula Bortoletto Martins explica qual o impacto da rotulagem nutricional nas escolhas alimentares.
“A informação nutricional dos rótulos de alimentos é fundamental para que as pessoas possam saber o que elas estão comendo e a partir daí fazer isso com alimentos mais saudáveis. Tem uma lógica em relação a isso que tem a ver com quais são os tipos de informação mais relevantes que aparecem destacadas na rotulagem, nas embalagens de alimentos que fazem com que as pessoas na hora de comprar, na hora de escolher os alimentos, vão usar como referência para fazer as suas escolhas.
Até há pouco tempo tínhamos a maioria das informações disponíveis nas embalagens de alimentos só destacando as características positivas dos alimentos: que é rico em fibras, vitaminas, imagens de frutas, imagens de pessoas saudáveis, personagens infantis, etc. A rotulagem nutricional veio para trazer uma informação mais qualificada e que informe as pessoas sobre o que elas devem olhar para escolher o alimento para ter uma alimentação mais saudável”, disse.
“Hoje o que temos de mais inovador é a rotulagem nutricional frontal. As informações que aparecem na frente da embalagem de uma forma mais destacada. E aí trazendo essa informação no formato de advertência, que são aquelas, hoje, aqui no Brasil no formato de lupa. Em que temos o destaque para o alto conteúdo de açúcar, de gorduras saturadas e de sódio nos alimentos embalados. Isso tem um potencial grande de fazer com que as pessoas deixem de consumir os alimentos que têm esse alerta e preferiram os alimentos que não têm.
Claro que esse é o primeiro passo porque nem todos os alimentos que não têm a lupa são saudáveis. A gente ainda exige que as pessoas conheçam um pouco mais sobre a composição desses alimentos, leiam a lista de ingredientes para poder identificar se aquele alimento é, por exemplo, ultraprocessado ou não. Mas o reconhecimento da lupa já traz uma informação destacada, fácil e rápida para que as pessoas consigam fazer escolhas mais saudáveis”, afirmou.
Bortoletto é pesquisadora da Cátedra J. Castro/USP (Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis), um dos parceiros do Nexo Políticas Públicas. É co-organizadora de Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro.