Para além do óbvio, este episódio do podcast Prato Cheio, produzido pelos parceiros de O Joio e o Trigo, analisa como a perseguição às bruxas nos primeiros tempos de capitalismo foi atualizada para um novo processo de concentração de riquezas. A partir do livro Calibã e a bruxa, de Silvia Federici, o roteiro analisa como o agronegócio brasileiro tem no controle do corpo um instrumento fundamental para se legitimar. Esse processo fabrica inimigos por todos os lados para avançar sobre florestas, terras e águas brasileiras.
A pesquisa produzida pelo Joio costura o processo de expropriação das terras dos trabalhadores, da natureza de maneira geral e dos corpos feminizados ao longo dos séculos, culminando no projeto neoliberal de vento em popa nos dias atuais. Um tema recorrente na obra de Federici, tanto em seu famoso Calibã, como também e, principalmente, em O ponto zero da revolução e no mais recente Reencantando o mundo.
Além da obra da feminista marxista, o episódio apresenta a relação indissociável dessa construção histórica com os processos em curso na América Latina, em específico, no Chile. Através das palavras de Josefina Payró, responsável pela organização do livro Chile em chamas, o podcast desenha a revolta popular radical e necessariamente antineoliberal que culminou com a eleição de Gabriel Boric como presidente da República e a formação da convenção que escreverá a nova Constituição do país.
Esse é o último episódio da série especial “Muito Além da Porteira”, uma investigação inédita do Joio, em parceria com o The Intercept, que expõe a conexão entre mercado financeiro, medidas do Congresso e de Bolsonaro, e o avanço do agro sobre terras indígenas, agricultura familiar e florestas. Em quatro episódios, a série conta por que o futuro é sombrio, o que pode ser feito e as origens desse casamento – Formação política do agronegócio, como não poderia deixar de ser, embasa essa pesquisa. Confira a série de reportagens em texto e no podcast Prato Cheio.