Pensamento de Josué de Castro sobre raízes da fome é mais necessário que nunca

Nova coletânea mostra que ideias do geógrafo continuam inspirando reflexões sobre a insegurança alimentar no Brasil

Por Itamar Vieira Junior
Publicado na Folha de S.Paulo

 

Se as ideias dos grandes humanistas não envelhecem, a coletânea Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro (Elefante), organizada por Tereza Campello e Ana Paula Bortoletto, é a prova. Setenta e cinco anos após a publicação de “Geografia da Fome”, os breves ensaios que compõem o livro refletem os desafios para a superação da insegurança alimentar e nutricional no Brasil do século 21.

Por que a fome continua a ser um tema atual? Após anos de políticas públicas exitosas que mitigaram o problema, o Brasil havia conseguido deixar o Mapa da Fome da ONU em 2014, mas, desde 2018, o quadro passou a ser revertido. Por sua vez, a pandemia acentuou o flagelo, que ganhou contornos de tragédia.

Ao longo dos últimos anos, vimos cenas de filas para recebimento de ossos e pessoas revirando o lixo. Os centros e os semáforos das grandes cidades brasileiras foram tomados por pessoas em busca de algum tipo de ajuda para se alimentar.

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