Descrição
Neste livro, todas as vozes vêm das ruas, trazendo consigo a potência política dos combates verdadeiros. Das periferias, dos territórios espoliados, das vidas precárias, dos sem-teto e sem-aposentadoria. São as vozes dos transgressores, daqueles que conscientemente querem escapar ao controle neoliberal e, para isso, confeccionam uma nova historicidade solidária que alimenta a luta coletiva. São os criadores de uma “poética da rebelião”, artífices da disputa pelo poder que se expressa com simbolismo nas palavras dos muros, nas performances feministas, nos murais, na derrubada dos monumentos, em cada palmo dos territórios convertidos ao utilitarismo do capital. Esta obra oferece ao leitor brasileiro dezesseis capítulos de autoria individual e dois de autoria coletiva, que apontam as múltiplas dimensões de uma grande transformação. Uma polifonia orientada a um mesmo horizonte histórico da recomposição do comum. Por isso, Chile em chamas é um retrato representativo da diversidade e da inteligência plural do novo sujeito popular que se formou no país. […] O poder destituinte das ruas aponta uma dialética das lutas revolucionárias, nas quais destruir o poder vigente do neoliberalismo em seu berço demanda simultaneamente forjar os novos sentidos solidários para a vida popular e recriar a estratégia anticapitalista no calor da luta: destituir e constituir, como parte dos mesmos gestos políticos. O modelo chileno está virando do avesso. Agora somos nós, os precários do Brasil e da América Latina, que podemos aprender com o Chile. Chile em chamas: a revolta antineoliberal é um pequeno passo para essa longa aprendizagem.
— Joana Salém Vasconcelos, no Prefácio
SOBRE OS AUTORES
Tinta Limón é uma iniciativa editorial coletiva e autogerida sediada em Buenos Aires, Argentina, uma aposta por textos que exigem um esforço ativo para serem inteligíveis. Se no passado a “tinta de limão” foi usada como modo de escrita clandestina, voltamos a nos referir a ela, mas com uma exigência contemporânea: fugir do óbvio e orientar o pensamento ao trabalho cotidiano de forjar experiências de construção. Uma nova clandestinidade, portanto, para evadir novas prisões: aquelas que nos prendem à banalização do que até outro dia havia sido instrumento de luta, à destruição do comum e à normalização de nossas vidas.