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Sociologia da imagem

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Sociologia da imagem:
olhares ch’ixi a partir da história andina
Autora: Silvia Rivera Cusicanqui
Tradução: Caroline Cotta de Mello Freitas
Edição: Tadeu Breda & Luiza Brandino
Revisão técnica: Mariana Barreiros
Capa: Gustavo Piqueira / Casa Rex
Projeto gráfico: Livia Takemura
Direção de arte: Bianca Oliveira
Diagramação: Daniela Miwa Taira
Assistência de arte: Yana Parente
Lançamento: julho de 2025
Páginas: 424
Dimensões: 13,5 x 21 cm
ISBN: 9786560081048

Descrição

O impulso inicial que muitos anos depois resultaria neste livro foi definido por Silvia Rivera Cusicanqui como uma “angústia identitária”, uma “nostalgia ancestral”. Ao buscar as próprias origens familiares no Altiplano boliviano, a autora acabou mergulhando no mundo andino. Essa investigação incialmente individual derivou em uma sólida carreira acadêmica dedicada a desvendar os nexos entre a história do passado e os dilemas do presente, com os pés fincados na história oral, na análise e na produção de imagens — sobretudo de Cusicanqui ter constatado as insuficiências comunicacionais do texto escrito em um país como a Bolívia. “Adotei como profissão de fé que a descolonização só pode ser realizada na prática — mas uma prática reflexiva e comunicativa, fundada no desejo de recuperar memória e corporalidade próprias”, escreve. “Então, como consequência, essa memória não seria apenas ação, mas também criação, imaginação e pensamento.” Repleto de conceitos quéchua e aimará, e ricamente ilustrado, Sociologia da imagem analisa a obra dos artistas (ou sociólogos da imagem) bolivianos Felipe Guamán Poma de Ayala, Melchor María Mercado e Jorge Sanjinés, além de mergulhar na imagética produzida pelos líderes do Movimiento Nacional Revolucionario (MNR), que assumiu o poder no país após a insurreição popular de 1952. Sociologia da imagem continua com ensaios sobre a criação de uma episteme própria dos povos andinos, trazendo ainda informações metodológicas e entrevistas em que a autora esmiúça pontos centrais de seu pensamento. Um clássico instantâneo do pensamento latino-americano, finalmente traduzido ao português.

 

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Como será possível ver no conjunto dos trabalhos que compõem este livro, adotei como profissão de fé que a descolonização só pode ser realizada na prática — mas uma prática reflexiva e comunicativa, fundada no desejo de recuperar memória e corporalidade próprias. Consequentemente, essa memória não seria apenas ação, mas também criação, imaginação e pensamento (amuyt’aña). Seguindo essa lógica, o amuyt’aña, enquanto expressão coletiva, permitiria uma reatualização/reinvenção da memória coletiva em certos espaços-tempos do ciclo histórico nos quais se percebe a chegada de uma mudança ou agitação social. Várias vezes afirmei que essas ideias se nutrem do aforismo aimará “Qhipnayra uñtasis sarnaqapxañani” [olhando para trás e adiante (ao futuro-passado), podemos caminhar no presente-futuro].

O espaço-tempo em que se situa o nosso discernimento (amuya) se desenrola em uma paisagem específica: a Cordilheira dos Andes, na América do Sul, com suas encostas oriental e ocidental. No nível mais estreito, localizamo-nos na área circunlacustre (em torno ao Lago Titiqaqa), onde se encontram as anacrônicas fronteiras entre o sul do Peru e o oeste da Bolívia. Esse cenário produziu ao longo da história um conjunto de práticas de representação e escrita. Nós nos reconhecemos nele e, a partir de seu enquadramento, elaboramos uma espécie de genealogia intelectual própria. Acredito que Felipe Guamán Poma de Ayala (Waman Puma) no século XVII, Melchor María Mercado no século XIX e Jorge Sanjinés no século XX sejam personagens centrais na genealogia proposta por este livro. Nela, “enxertamos o mundo” por meio de diversos autores do norte e de outros lugares, com os quais dialogamos de igual para igual, às vezes com irreverência e sempre com autonomia. A partir dessa conversa em vários níveis, tentei produzir a ideia de uma “episteme própria” — projeto em construção e, por isso mesmo, fragmentado. Este livro reúne todos os fragmentos em uma ordem cronológica e se divide em três partes.

— Silvia Rivera Cusicanqui

 

SOBRE A AUTORA

Silvia Rivera Cusicanqui nasceu em La Paz, em 1949. É militante, socióloga e historiadora de origem aimará, professora emérita da Universidad Mayor de San Andrés, em La Paz, Bolívia. Foi professora visitante nas universidades de Columbia e Austin (Estados Unidos), na Universidad de Jujuy (Argentina) e na Universidad Andina Simón Bolívar de Quito (Equador), onde é também professora emérita da cátedra de direitos humanos. Com outros intelectuais indígenas e mestizos, fundou o Taller de Historia Oral Andina, grupo autogerido que pesquisa temas de oralidade, identidade, movimentos sociais indígenas e populares, sobretudo na região aimará, e é cofundadora da Colectiva Ch’ixi. É autora de Ch’ixinakax utxiwa: uma reflexão sobre práticas e discursos descolonizadores (n-1, 2021), Um mundo ch’ixi é possível: ensaios de um presente em crise (Elefante, 2024), Sociologia da imagem: olhares ch’ixi desde a história andina (Elefante, 2025), Mito y desarrollo en Bolivia: el giro colonial del gobierno del MAS (Plural, 2015), Principio Potosí reverso (Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, 2010) e Oprimidos pero no vencidos: luchas del campesinado aymara y quechua en Bolivia (1900-1980) (CSUTB, 1984).