Uma fé amargurada no Dia do Meio Ambiente
Por Teresa Cristina
Hoje, 5 de junho, é o Dia Mundial do Meio Ambiente, data definida em 1972, pela ONU, na Conferência de Estolcomo. Se você ainda não viu, vai ver empresas, governos e organizações fazendo afirmações “viva o planeta” e defendendo que “precisamos salvar o meio ambiente”. “Não é isso que vocês vão fazer, minha cara elefantinha?”, deve estar pensando. Talvez, mas vai ser diferente, te prometo.
O fato é que o meio ambiente somos nós e a crise climática afeta a todos — sobretudo as populações que menos têm culpa. E é por menos termos culpa que, talvez, estejamos saturados de datas, conferências, agendas verdes e pessoas dizendo que o caos é certo ou que é preciso fazer algo sem apontar qualquer alternativa.
Bom, se você não está saturado, eu estou. Cansada da sensação de impotência, de negacionistas com mandatos e milhares de votos, de desastres explodindo bem na nossa cara e, ainda assim, o que povoa a grande mídia são notícias sobre “serviços ambientais”, “capitalismo sustentável”, “agenda ESG” (a tal Governança ambiental, social e corporativa)” e “transição energética — sem data para acontecer, enquanto queimamos petróleo “adoidado” nos quintais do mundo.
Há quem ainda acredite que a tecnologia nos salvará e que há soluções dentro do capitalismo. Se você é um leitor ou leitora da Elefante, sabe que tudo isso é “bestaiagem” (como diria Dona Emília, minha avó), conversa para humaninhos dormirem e a boiada seguir passando atravessada, atropelando os povos originários, ribeirinhos, quilombolas, mulheres, crianças e qualquer um que se atreva a acreditar na ciência.
O que posso te dizer é que as alternativas são sistêmicas, é urgente considerar a Natureza enquanto sujeito e lutar com a floresta rumo ao Bem Viver. De preferência ainda nesse decênio, já que, segundo Luiz Marques, “o pau vai quebrar” em breve — pode conferir, ele escreveu bem assim (ou pelo menos foi isso o que eu entendi).
Aqui na Elefante, temos uma piada interna de que o otimismo não tem vez. “Você tem fé na humanidade? Então não há lugar para você aqui”, proseamos no café da tarde. Uma brincadeira amargurada, é claro. Se não tivéssemos fé, não seguiríamos incansavelmente publicando livros atrás de livros que apontam para um mundo mais justo.
A sorte é que não estamos sozinhos. Vocês seguem nos lendo e compartilhando o que nossos queridos autores e queridas autoras se debruçaram pesquisando e teorizando para que uns bobos esperançosos (autocrítica) tenham algo para se apoiar.
Bom, depois desse breve desabafo de uma produtora de conteúdo cansada, que insiste em acreditar que é possível impedir o colapso — e que sim, está aproveitando o espaço que tem para despejar sua ansiedade climática —, vamos ao objetivo deste texto.
Meus caros e caras elefantes dessa manada que anseiam por outro mundo, construir alternativas é possível e preciso, e a leitura é só o primeiro passo. E para te ajudar nessa caminhada, separamos algumas que ajudam a pensar caminhos para tentar impedir o colapso iminente. Vem cá:
- Alternativas sistêmicas: Bem Viver, decrescimento, comuns, ecofeminismo, direitos da Mãe Terra e desglobalização, de Pablo Solón;
- Direitos da natureza: ética biocêntrica e políticas ambientais, de Eduardo Gudynas;
- O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos, de Alberto Acosta;
- O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, de Luiz Marques.
Se alguém topar construir uma comuna no meio do mato e no alto das montanhas, chama no zap.