Querides,
Por uma série de razões que não convém enumerar aqui, 2022 foi sem dúvida o período mais difícil dos onze anos de existência da Elefante — e, podemos imaginar, para muites de vocês também. Cada um sabe o que passou e o quanto sofreu nos últimos doze meses. A boa, a ótima, a excelente notícia é que janeiro está logo ali. Agora é muito sal grosso e arruda e espada-de-são-jorge e o que mais ajudar a deixar essa inhaca toda pra trás.
Temos muitos motivos para acreditar em dias melhores. Não apenas porque nos livramos de Bolsonaro — embora não do bolsonarismo — mas sobretudo porque, aqui na editora, estaremos mais bem estruturados.
Vocês devem ter percebido que interrompemos os lançamentos de 2022 em setembro. Acreditamos que não valeria a pena colocar novos livros no mundo enquanto o país inteiro estava com as atenções voltadas para as eleições. A prioridade zero era tirar o necrofascismo do Planalto. E conseguimos. E choramos de alívio e alegria.
Não acreditamos que Lula e Alckmin instalarão o paraíso brasileiro — muito pelo contrário, os desafios serão tremendos e constantes na construção do Brasil que queremos — mas agora ao menos podemos respirar um pouco — e nos preparar para a luta diária que o novo governo exigirá de nós, sem ficar o tempo todo na defensiva.
Depois do pleito, veio a Copa do Mundo, que também tragou as energias de parcela significativa da população. Por isso, resolvemos ficar quietos — mas não ficamos parados. Apesar de não termos lançado nenhum livro em outubro, novembro ou dezembro, o trabalho editorial não cessou. Vocês ficarão sabendo das novidades logo logo, assim que divulgarmos uma nova leva de pré-vendas.
E nem queiram saber das preciosidades que preparamos para 2023. Teremos mais bell hooks e Silvia Federici, entre outras autoras e autores nacionais e estrangeiros: Bela Gil, Silvia Rivera Cusicanqui, Gunther Anders, Maristella Svampa, Sophie Lewis, Andreas Malm, Jason W. Moore… Fiquem ligades, porque muita coisa boa está prestes a chegar à sua estante.
Em 2022, apesar de todos os pesares, conseguimos publicar vinte novos livros. E chegamos ao nosso centésimo título: Territórios em rebeldia, de Raúl Zibechi, dando início a uma bela parceria com esse autor uruguaio que em breve dará novos frutos. Para uma editora que desde sempre contou apenas com o trabalho duro de seus idealizadores e parceires e com o apoio inestimável de leitores e leitoras, chegar aos cem livros é um grande marco.
Conseguimos também, finalmente, elaborar um novo logotipo. Sim, no ano que vem apresentaremos a nova identidade visual da Elefante. Agradecemos muito ao elefantinho que se equilibrou em cima da bola nesses quase doze anos, mas ele tinha que descer de lá — demorou muito pra isso, na verdade. Depois desse tempo todo, já conseguimos andar com passos mais firmes e livres. O novo elefante tentará refletir essa nova fase.
No ano que passou, pudemos ainda idealizar o “seminário bell hooks 70 anos”, que discutiu a obra e o legado dessa autora cada vez mais lida e adorada pelo público brasileiro. Foi incrível lotar o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP por dois dias para falar sobre as ideias de bellzinha. O evento foi todo gravado e os vídeos já estão disponíveis no canal da Elefante no YouTube.
Enfim, 2022 nos deu muito mais porrada do que afagos, mas, felizmente, nem tudo foram lágrimas. Assim é a vida, né. Para nós, o mais importante, o inequívoco sinal de que estamos na direção certa, é saber que vocês, leitoras e leitores, continuam caminhando ao nosso lado nessa jornada editorial que não tem data nem lugar para acabar.
Que em 2023 continuemos juntes, em manada.
Tadeu Breda,
editor