Calibã e a bruxa ganha nova edição
Muitas pessoas têm nos perguntado sobre o livro Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, de Silvia Federici. Nossa ansiedade também era grande para ver esse título tão importante de volta às prateleiras. É com imensa alegria e satisfação, portanto, que a Elefante anuncia a pré-venda da segunda edição dessa obra fundamental, traduzida pelo Coletivo Sycorax. O livro já pode ser adquirido com desconto em nosso site e os envios serão realizados a partir de 31 de julho, no máximo. Para saber mais sobre o sistema de pré-venda da Elefante, basta clicar aqui.
Prestes a completar vinte anos da publicação original pela Autonomedia, nos Estados Unidos, Calibã e a bruxa ganhou uma revisão completa e merecida pela equipe da Elefante, a partir da nova edição de Caliban and the Witch publicada pelo selo Penguin Modern Classics em 2021. Se o conteúdo sofreu vários e importantes ajustes, o projeto gráfico que todos amamos continua o mesmo. Só o que fizemos foi alterar ligeiramente as cores da capa e do miolo, para diferenciar a nova publicação. Os tons agora estão mais roxos e lilases, e menos azuis e vermelhos, como da primeira vez.
Neste livro, Federici empreende a tarefa de investigar as circunstâncias históricas específicas em que a perseguição às bruxas se desenvolveu e as razões pelas quais o surgimento do capitalismo exigiu um ataque genocida contra as mulheres. Para tanto, ela parte da análise da caça às bruxas no contexto das crises demográfica e econômica europeias dos séculos XVI e XVII e das políticas de terra e trabalho da época mercantilista.
“Meu esforço aqui é apenas um esboço da pesquisa que seria necessária para esclarecer as conexões mencionadas e, especialmente, a relação entre a caça às bruxas e o desenvolvimento contemporâneo de uma nova divisão sexual do trabalho que confinou as mulheres ao trabalho reprodutivo. No entanto, convém demonstrar que a perseguição às bruxas — assim como o tráfico de escravos e os cercamentos — constituiu um aspecto central da acumulação e da formação do proletariado moderno, tanto na Europa como no Novo Mundo”, escreve Federici no Prefácio.
Silvia Federici é uma intelectual militante de tradição feminista marxista autônoma. Nascida na cidade italiana de Parma em 1942, mudou-se para os Estados Unidos em 1967, onde foi cofundadora do Coletivo Feminista Internacional, participou da Wages for Housework Campaign [Campanha pelo salário para o trabalho doméstico] e contribuiu com o coletivo Midnight Notes. Durante os anos 1980, foi professora na Universidade de Port Harcourt, na Nigéria, onde acompanhou a organização feminista Women in Nigeria e contribuiu para a criação do Comitê para a Liberdade Acadêmica na África.
Na Nigéria, pôde ainda presenciar a implementação de uma série de ajustes estruturais patrocinada pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, processo no qual se inspirou para escrever sua obra-prima, Calibã e a bruxa. Atualmente, Silvia Federici é professora emérita da Universidade de Hofstra, em Nova York. É também autora de O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista (Elefante, 2019) e Reencantando o mundo: feminismo e a política dos comuns (Elefante, 2022).