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Um debate (remoto, claro) na última quinta-feira, 2 de abril, reuniu Pablo Solón, da Bolívia, Maristella Svampa, da Argentina, e Alberto Acosta, do Equador. Os três autores da Elefante se juntaram na vídeo-chamada Pensando o pós-coronavírus, publicada no canal da Fundación Solón.

Maristella fez sua reflexão inicial passando por três tópicos: a volta do debate sobre a importância do Estado, seja no aspecto social ou de exceção; as causas ambientais como parte da pandemia, que não aparecem nos discursos dos governantes, nos quais um narrativa bélica leva muito mais ao medo que à solidariedade; e as aprendizagens e falsas soluções que as crises nos oferecem. (O Blogue da Elefante traz um texto da autora sobre o assunto.)

“Poderíamos formular o dilema da seguinte maneira: uma globalização neoliberal mais autoritária, um passo a mais no triunfo do paradigma da segurança, da vigilância digital instalada pelo modelo asiático, menos sofisticada em nossos países periféricos; ou cair numa ilusão ingênua, de que a crise vai abrir a possibilidade de uma construção de uma globalização mais democrática ligada ao cuidado às políticas públicas orientadas num novo pacto ecossocial e econômico.”

Solón, na sequência, diz que estamos começando uma onda de protestos a nível mundial nunca antes vista, já que a covid-19 não é só um problema de saúde, mas social e com características globais inédito na história. “É impossível achar que uma quarentena com essas características dure por muito tempo sem se garantir as condições de vida para uma população trabalhadora que vive dia após dia. Acredito que o tema fundamental é: como os movimentos sociais vão começar a atuar nesta conjuntura?”

Acosta levantou pontos que mostram como o coronavírus está sendo capaz de escancarar questões que já estavam colocadas na nossa sociedade. “As desigualdades afloram com muito mais clareza. Essa política de ficar em casa carrega um enorme privilégio de classe: quantas pessoas podem ficar em casa? Falo do meu país, Equador, onde 45% das casas não são adequadas, não há serviços sanitários, há muita miséria”.

A ótima conversa, com cerca de setenta minutos, está aqui — em espanhol, mas com falas bastante claras e pausadas, que permitem uma boa compreensão mesmo sem dominar o idioma por completo.

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