O autor da primeira publicação da Elefante em Quadrinhos começou a sair da toca. Depois de ser colocado junto à fina flor da podreira brasileira pelo crítico de HQs Daniel Lopes, no Vlog da Pipoca e Nanquim, Dáblio C. foi convidado pelo pessoal da Subpraxis para estrelar um dos programas que o saite mantém no YouTube.
No SubTube Perfil 3, Dáblio C. conta um pouquinho – só um pouquinho – de sua trajetória como quadrinista underground de São Bernardo do Campo. “Acho que faço quadrinhos desde quando aprendi a ler e escrever”, relata. “Aprendi a ler lendo quadrinhos.” No vídeo, ficamos sabendo que o jovem Dáblio C., ainda sem essa barbicha imensa nem a cabeleira desgrenhada, acreditava que os quadrinhos se resumia ao mundo colorido de Maurício de Sousa e aos super heróis norte-americanos.
“Conheci Angeli, Laerte, Glauco. Pirei”, diz. “Antes, pra mim, quadrinho era só Turma da Mônica e os caras de roupa colada combatendo o mal.” A primeira grande influência de Dáblio foi uma revistinha de Angeli com a personagem Mara Tara. Então, pensou com seus neurônios: “Porra, posso falar o que eu quiser em quadrinhos.” Era um caminho sem volta. “Comecei a desenhar coisas que eu via nas ruas, nos bares, maluquices.”
Uma ótima seleção das observações cotidianas de Dáblio C. está no livro que a Elefante em Quadrinhos lançou em dezembro de 2014. Ignóbil é uma coletânea de histórias “quase-inéditas”, como define o próprio autor. “É minha primeira publicação mais profissional.” Até então, só era possível conhecer os desenhos de Dáblio C. em fanzines encardidos e algumas exposições coletivas – ou dividindo uma mesa de bar com o autor. “Depois do álbum, deu ânimo. Voltei a fazer histórias longas.”
Está em preparação “As Aventuras do Bebê Diabo”, ao estilo Goonies, aquele clássico da Sessão da Tarde, mas com doses de subversão e loucura. Vamos ver o que aparece. Quem leu Ignóbil certamente estará ansioso para conhecer a próxima criação de Dáblio. Se ainda não conhece, não perca tempo. A vida é curta, e as tiragens da Elefante, pequenas.