Ilan Pappe: ‘As pessoas precisam entender que a Palestina será descolonizada’

 

A Elefante está lançando Brevíssima história do conflito Israel-Palestina, de Ilan Pappe, que marca a chegada do autor à casa — outras obras serão editadas em breve.
A pré-venda está com desconto, com envios para o comecinho de maio.
Segue o texto de orelha do livro.

Não existe livro mais indicado para quem deseja começar a compreender o conflito Israel-Palestina do que esta Brevíssima história escrita pelo renomado pesquisador israelense Ilan Pappe. Porém, não se trata de uma obra apenas para iniciantes. O leitor já familiarizado com o assunto também terá muito a aprender nestas páginas — se não com os fatos aqui narrados, certamente com o didatismo e a objetividade com que estão concatenados. Em linguagem acessível, o autor oferece, em quinze capítulos, uma cronologia dos principais acontecimentos que marcaram a história da região, desde o surgimento do sionismo moderno, no século xix, à brutal campanha genocida levada a cabo por Israel contra a Faixa de Gaza a partir de 7 de outubro de 2023, após os ataques dos grupos armados da resistência palestina.

Com invejável capacidade de síntese e a expertise de uma vida inteira dedicada à história desse pedaço do Oriente Médio, Ilan Pappe torna legível o complexo processo que levou ao reiterado massacre de um povo nativo e à impunidade de um Estado colonial. “Acredito que qualquer pessoa contrária à opressão e à injustiça seja capaz de entender os fundamentos do que hoje conhecemos como ‘conflito Israel-Palestina’”, escreve o autor. “Espero que as injustiças infligidas aos palestinos por mais de um século inspirem os leitores, onde quer que estejam, a se solidarizar com sua luta e a se posicionar contra sua opressão.”

Após a leitura, é possível compreender sem grande dificuldade os caminhos geopolíticos que levaram uma região conhecida como “Palestina” — que às vésperas do século xx era habitada por cerca de quinhentos mil “árabes palestinos”, majoritariamente muçulmanos, mas que conviviam há séculos com expressivas minorias judaicas e cristãs — a se tornar, no intervalo de algumas décadas, palco de crescentes disputas territoriais que resultaram em processos contínuos de limpeza étnica e apartheid, com a divisão do território em três espaços extremamente militarizados, denominados Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

De uma ponta a outra da história, Ilan Pappe explica essa imensa transformação abordando as origens do sionismo, inicialmente propagandeado por cristãos ingleses e estadunidenses e intimamente relacionado ao antissemitismo; o papel do imperialismo britânico, que favoreceu a criação de Israel em detrimento do direito de autodeterminação dos habitantes nativos daquelas terras; o planejamento e a execução da Nakba, a grande catástrofe sofrida pelos palestinos em 1948, evento lúgubre e indissociável da fundação do Estado de Israel; as diferentes facções do movimento nacional palestino, que se debateram entre negociações, resistência civil não violenta e táticas de guerrilha; os fracassos diplomáticos dos “acordos de paz”, que só provocaram mais enfrentamentos e mais mortes; as mediações desonestas do Ocidente e o lobby pró-Israel, ferramentas de manutenção da ocupação; e as convergências e divergências entre os partidos políticos israelenses após a fundação do “lar nacional judeu”, com uma deriva cada vez mais acentuada à extrema direita, rumo a um Estado teocrático.

Se o conhecimento é a melhor arma contra a manipulação que emana das redes sociais, dos meios de comunicação tradicionais, do establishment político e da poderosa fábrica de narrativas israelense, com vistas à manutenção da guerra e do extermínio do povo palestino, esta Brevíssima história revela os primeiros passos que precisam ser dados para que finalmente haja paz — a verdadeira paz, que só é possível com libertação, justiça e conciliação. Como declarou Ilan Pappe em uma entrevista recente, “a Palestina será descolonizada — isso é um fato que as pessoas precisam entender. A questão não é ‘se’, mas ‘quando’. E ‘quando’ é muito importante. Porque, quanto mais a descolonização demora, mais os palestinos sofrem. Estamos agora no meio de um processo histórico que já começou. Podem postergar a desintegração de Israel, podem postergar a descolonização, mas não terão sucesso em detê-la”.

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