‘O agro não alimenta a população brasileira’, critica Larissa Bombardi

Por Rádio Bem Viver
Publicado em Brasil de Fato

 

Exilada há três anos, a pesquisadora Larissa Bombardi é uma das principais vozes de crítica ao modelo do agronegócio presente no Brasil. A especialista contesta a ideia de que o setor é o responsável pela produção de alimentos que chegam à mesa da população.

“O destino dessas terras [griladas] tem sido para a produção de commodities, essas mercadorias que são comercializadas na Bolsa de Valores, que tem o seu preço estabelecido nesse grande cassino internacional”, comenta em entrevista veiculada no programa Bem Viver em 5 de agosto.

“E o que acontece com a produção de alimentos? Ela decaiu. Então, as áreas de arroz, feijão, trigo e mandioca, por exemplo, caíram muito. A área para cultivo de feijão diminuiu 40%”.

Os dados fazem parte da publicação mais recente da autora, Agrotóxicos e colonialismo químico, livro lançado em outubro do ano passado e divulgado no Brasil, somente neste mês, quando Larissa Bombardi teve uma rápida passagem pelo país.

Bombardi está há três anos exilada na Europa por conta de ataques sofridos após a divulgação do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, publicado em 2017.

Em 2021, quando saiu do Brasil, Bombardi declaro que “recebi indicação de lideranças de movimentos sociais para que eu evitasse os mesmos caminhos, alterasse os meus horários e a minha rotina, de forma a me proteger de possíveis ataques dos setores econômicos envolvidos com a temática sobre a qual eu me debruço”.

Mãe de duas crianças, ela é mestra, doutora e pós-doutora em Geografia Humana.

“Isso é o maior símbolo do escândalo e mostra o quanto essa agricultura não alimenta a população, o preço dos alimentos, eles flutuam ao sabor do mercado internacional. É uma lógica que não está voltada para a segurança e para a soberania alimentar”, comenta.

“É uma agricultura que não nos alimenta. A fome aumentou nos últimos dez anos”, analisa Bombardi, ao comparar os números de crescimento do agronegócio no Brasil com os dados da fome.

“A gente não está alimentando a população brasileira”, finaliza a pesquisadora.

Ouça e entrevista:

 

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