Descrição
Em A vontade de mudar, bell hooks faz uma sentida declaração de amor aos homens — o que não significa que tenha se esquecido de tecer duras críticas à masculinidade hegemônica, analisando a fundo o abuso, a dominação e a violência exercidos pelos homens dentro e fora de casa. À diferença de outras investigações sobre o universo masculino, porém, aqui a autora considera que o xis da questão não está nos homens em si, e sim no patriarcado — ou melhor, no “patriarcado supremacista branco capitalista imperialista”, que, claro, tem sido implementado pelos homens, mas é sustentado também por mulheres, com prejuízos a toda a sociedade. Essa é a chave de interpretação em torno da qual bell hooks aborda temas como infância, trabalho, sexo, cultura, mídia, espiritualidade e, obviamente, amor, em busca do que denomina “masculinidade feminista”, que nos permitirá caminhar rumo à libertação.
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A vontade de mudar: homens, masculinidades e amor é sobre nossa necessidade de viver em um mundo em que mulheres e homens possam ser partes de um todo. Considerando as razões pelas quais o patriarcado mantém seu poder sobre os homens e suas vidas, eu insisto que reivindiquemos o feminismo para os homens, mostrando por que o pensamento e a prática feministas são o único caminho para abordarmos efetivamente a crise da masculinidade contemporânea. […] Os homens não podem mudar se não houver projetos de mudança. Os homens não podem amar se não lhes é ensinada a arte de amar. Não é verdade que os homens não querem mudar. É verdade que muitos homens têm medo de mudar. É verdade que multidões de homens nem ao menos começaram a enxergar os modos como o patriarcado lhes impede de conhecer a si mesmos, de entrar em contato com seus sentimentos, de amar. Para conhecer o amor, os homens devem deixar de lado a vontade de dominar. Devem poder escolher a vida em vez da morte. Devem ter vontade de mudar.
— bell hooks, no prefácio
SOBRE A AUTORA
bell hooks nasceu em 1952 em Hopkinsville, então uma pequena cidade segregada do Kentucky, no sul dos Estados Unidos, e morreu em 2021, em Berea, também no Kentucky, aos 69 anos, depois de uma prolífica carreira como professora, escritora e intelectual pública. Batizada como Gloria Jean Watkins, adotou o pseudônimo pelo qual ficou conhecida em homenagem à bisavó, Bell Blair Hooks, “uma mulher de língua afiada, que falava o que vinha à cabeça, que não tinha medo de erguer a voz”. Como estudante, passou pelas universidades de Wisconsin, da Califórnia e Stanford, e lecionou nas universidades Yale, do Sul da Califórnia, Oberlin College e New School, entre outras. Em 2014, fundou o bell hooks Institute. É autora de mais de trinta obras sobre questões de raça, gênero e classe, educação, crítica cultural e amor, além de poesia e livros infantis, das quais a Elefante já publicou Olhares negros, Erguer a voz e Anseios, em 2019; Ensinando pensamento crítico, em 2020; Tudo sobre o amor e Ensinando comunidade, em 2021; A gente é da hora, Escrever além da raça e Pertencimento, em 2022; Cultura fora da lei e Cinema vivido, em 2023; e Salvação e Comunhão, em 2024.