Por Dossie Easton & Janet W. Hardy
Tradução Christiane M. T. Kokubo
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Casamentos abertos podem funcionar e já deram certo para milhares de casais ao longo de décadas, se não séculos. No entanto, para manter um casamento aberto, há muito mais coisas envolvidas do que simplesmente a vontade de ter um relacionamento desse tipo. Tais relações requerem compromisso contínuo com a comunicação e apoio mútuo, e quase certamente envolverão alguma jornada pelos vulneráveis territórios de ciúme, insegurança e raiva — mas existe casamento que não passe por eles?
Abrir um relacionamento que tenha começado monogâmico deve ser negociado antes que a abertura ocorra. Os poliamorosos consideram deselegante apresentar o cônjuge ao amante até então secreto com um empolgado: “Querido, acho que devemos abrir nosso relacionamento!”. Visto que uma traição já ocorreu, muitos — talvez a maioria — dos casamentos não sobreviverá a tal revelação. Reverter a situação e conquistar um relacionamento aberto saudável requer percorrer um caminho intenso e doloroso. No entanto, muitos casais sobrevivem e obtêm mais satisfação, crescimento e proximidade após terem passado pelo processo.
A ética de qualquer comportamento sexual depende dos valores, costumes e cultura da comunidade em que está inserido. Pessoas de mente mais aberta ao sexo e cientes do poliamor como uma opção lidam mais facilmente do que quem acredita que a simples vontade de ter um relacionamento aberto demonstra que seu cônjuge já não as ama mais.
Muito sofrimento poderia ser evitado se, durante a fase de namoro, os casais discutissem a monogamia como uma opção, em vez de assumi-la como padrão — assim como conversam sobre ter ou não filhos, seguir uma ou duas profissões, ou qualquer outra questão importante que requer uma decisão antes de se prosseguir com o possível compromisso de longo prazo. Como dizemos no livro Ética do amor livre, “monogamia não é uma escolha quando você está proibido de optar por qualquer outro caminho”.
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Publicado originalmente em The New York Times, 20 jan. 2012.
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Ilustração Ariádine Menezes