Rita von Hunty e as políticas do encanto

A artista e influencer Rita von Hunty — drag queen criada pelo professor e crítico cultural Guilherme Terreri — deu uma entrevista ao podcast Pauta Pública, da Agência Pública, em que faz um breve e provocador comentário sobre Políticas do encanto. O livro escrito por Paolo Demuru é um dos lançamentos de agosto da Elefante.

O ponto de partida do autor é de que, uma vez imersos no funcionamento algorítmico das redes sociais, é urgente para a esquerda pensar e propor saídas que comecem por um uso diferente, mais sagaz, das plataformas digitais. Como nos lembra Rita von Hunty nesta entrevista, sabemos também do interesse das elites nas redes sociais. Diante disso, o que podem fazer aqueles que se colocam à esquerda do espectro político?

O livro então aponta que nossa tarefa é repensar este uso, e buscar novas estratégias de reencantamento com os ideais políticos realmente emancipatórios, sobretudo na dimensão off-line, longe das telas dos smartphones — tarefa da qual as forças progressistas já foram capazes.

Segundo Rita,

Paolo nos convoca em Políticas do encanto a pensar que, ao passo que de um lado a gente tem essas narrativas de conspiração que são muito sedutoras, que geram um sentimento de comunidade… Por exemplo, “o governo não quer que você saiba”, “as elites globais estão tramando algo”, coisas que vão criando grupos absurdos, mares de fake news, de teorias da conspiração. […] 

O que, do nosso lado — do lado das pessoas que estão compromissadas com vida, com acesso, com distribuição, com partilha, com diversidade –, pode ser feito no sentido de produzir políticas do encantamento? Então, de que forma essas redes poderiam ser usadas para outras coisas? Para partilhas de bons exemplos? Para contágio de um entusiasmo no sentido de mostrar que tem trabalho sendo feito? De mostrar que tem vitórias sendo feitas? 

A indignação funciona só até um certo ponto, é isso o que o professor Demuru vai nos mostrar. Ele nos diz que a indignação é um afeto pouco potente. […] O que a gente precisa é apostar em algum tipo de esperança que possa mobilizar as pessoas para agir.

 

Confira a íntegra do áudio em que Rita von Hunty, comenta o livro:

 

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