Acabamos de abrir a pré-venda com desconto de duas obras mais do que relevantes na discussão feminista, popular e de esquerda, e que marcam novos lançamentos de autoras já conhecidas de nossas leitoras e leitores.

O mais novo livro de Silvia Federici, Além da pele: repensar, refazer e reivindicar o corpo no capitalismo contemporâneo, coloca em discussão as teorias pós-estruturalistas da performance, a relação entre corpos e opressões, as novas tecnologias reprodutivas e de manipulação genética, a criminalização do aborto, o cerco à sexualidade das mulheres e o trabalho sexual, entre várias outras temáticas.

Além da pele foi originalmente concebido como resposta a questões que surgiram nas três conferências que fiz em 2015 sobre o significado do corpo e da política corporal no movimento feminista dos anos 1970 e no meu próprio trabalho teórico”, explica Federici. “Essas conferências tiveram múltiplos propósitos: enfatizar a contribuição do feminismo da década de 1970 para uma teoria do corpo, agora tão subestimada pelas novas gerações de feministas; reconhecer, ao mesmo tempo, sua própria incapacidade de conceber estratégias que pudessem transformar significativamente as condições materiais da vida das mulheres; e apresentar o arcabouço que desenvolvi em Calibã e a bruxa, de modo a examinar as raízes das formas de exploração às quais as mulheres têm sido submetidas ao longo da história da sociedade capitalista.”

A outra pré-venda também envolve Silvia Federici, agora como co-organizadora, ao lado das pesquisadoras e militantes argentinas Verónica Gago e Luci Cavallero, duas expoentes do movimento NiUnaMenos, da Marea Verde e da Greve Internacional de Mulheres na América Latina. Quem deve a quem? Ensaios transnacionais de desobediência financeira, publicado em parceria com a editora Criação Humana, denuncia o endividamento como uma forma de violência econômica e como um mecanismo de acumulação do capital e de resiliência do sistema colonial.

“A dívida funciona como o maior mecanismo de acumulação de riqueza para o capitalismo atual e, simultaneamente, atua como uma forma de controle social. É uma ferramenta política do capital para explorar e confiscar a vitalidade social e determinar o tempo futuro”, explicam as organizadoras. “Isso significa que a financeirização não é um processo que se desenvolve por si mesmo, mas que interpreta e captura um desejo de autonomia expressado pelas lutas em distintos ciclos de organização, ao mesmo tempo que responde a essa ânsia. Assim, o avanço das finanças sobre a reprodução social, especialmente sobre as economias feminizadas, é uma resposta às demandas feministas pelo reconhecimento de tarefas historicamente desvalorizadas, mal pagas e invisibilizadas, e a um desejo de autonomia econômica.”

Silvia Federici é professora, filósofa, teórica social, ativista e historiadora. Calibã e a bruxa, uma das principais obras da autora foi um grande marco em nossa história. Foi apenas o 13º título do nosso catálogo e, desde então, já lançamos O ponto zero da revolução, Reencantando o mundo e, mais recentemente, uma segunda edição do Calibã — como carinhosamente o chamamos. Lançar, agora, Além da pele e Quem deve a quem?, com novidades e atualizações do pensamento da autora, é de um entusiasmo tremendo, sobretudo dada a importância de Federici na luta feminista global — que tem, nela, mais do que um referencial teórico robusto e crucial para compreender nossa história, mas uma companheira e aliada.

A mesma honra é compartilhada com a oportunidade de publicar mais um título com o olhar de Verónica Gago, da qual já publicamos A potência feminista e A razão neoliberal, assim como pela estreia de Luci Cavallero na Elefante. No contexto latino-americano feminista, Verónica e Luci despontam e têm feito um grande e importante barulho, sobretudo na vizinha Argentina, na liderança de movimentos como o #NiUnaMenos e a Maré Verde pela legalização do aborto.

 

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