Querid@s leitor@s,
Que ano está sendo este, meodeos!? Cada um e cada uma de vocês terá uma interpretação pessoal sobre 2016: bom, ruim, louco, catastrófico, eterno, maravilhoso, rápido, vá-de-retro, que saudades… Não temos nenhuma intenção de interferir nesse balanço. Mas queremos, e muito, agradecê-l@s. O ciclo que dentro de alguns dias se acabará (será?) foi bastante proveitoso para a Editora Elefante. E vocês são parte disso — uma parte fundamental.
Afinal, não é qualquer um que, diante dos infinitos atrativos da internet, investe alguns minutos em nosso saite, oferece endereço, dados bancários e pessoais e encomenda livros de uma editora pequena e desconhecida, confiando nas equipe do lado de lá e na efetividade dos Correios. Ao comprar diretamente conosco, vocês nos ajudam a driblar o “pedágio” das livrarias, que costumam ser abusivos, inviabilizando iniciativas independentes, como a nossa. Por isso, toda a nossa gratidão seria insuficiente para compensar tal gesto de nobreza. Podemos retribuir, porém, com um bom trabalho. E temos nos desdobrado dias e noites para entregar livros cada vez melhores a preços justos. O que conseguimos fazer nos últimos doze meses foi publicar seis novos títulos, aumentando nosso catálogo de quatro para dez livros. Urrú!
Tudo começou em janeiro, quando lançamos O Bem Viver: Uma oportunidade para imaginar outros mundos, do pensador equatoriano Alberto Acosta. Estivemos com o autor em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Mariana (MG). O Bem Viver foi nossa primeira tradução, e também inaugurou uma excelente parceria com a Editora Autonomia Literária e com a Fundação Rosa Luxemburgo. A união fez a força: em agosto, lançamos conjuntamente o livro de artigos Descolonizar o imaginário: Debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento, que dá continuidade às discussões sobre o Bem Viver; e, em outubro, Elefante e Rosalux colocaram no mundo a história em quadrinhos Xondaro, de Vitor Flynn Paciornik, sobre a luta dos Guarani Mbya pela demarcação de suas terras ancestrais na cidade de São Paulo.
Em junho, vivemos momentos marcantes com o lançamento de Memória Ocular, de Tadeu Breda, que conta uma parte da trajetória de Sérgio Silva, fotógrafo que perdeu o olho esquerdo ao ser atingido por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar de São Paulo enquanto cobria as manifestações de 13 de junho de 2013. Voltar à esquina em que tudo aconteceu, três anos depois, na companhia de dezenas de amigos e amigas e de uma nova vítima do artefato policial — Douglas Santana, de apenas doze anos —, e assistir a imagens daquela jornada repressiva projetadas num dos prédios do centro foi… foi… ai, até agora arrepia.
Em 26 de outubro, colocamos para rodar o ônibus amarelo da Rizoma, distribuidora de livros independentes que estamos tirando do papel junto com a Editora Autonomia Literária e a N-1 Edições. A inauguração ocorreu na Biblioteca Mario de Andrade, no centro de São Paulo. Estacionamos o Rizomamóvel em frente ao edifício enquanto lá dentro o equatoriano Alberto Acosta e o italiano Antonio Negri debatiam alternativas para a crise que caiu sobre as esquerdas em todo o mundo. O busão amarelo ainda ficou alguns dias estacionado na biblioteca — e participou do encerramento da Balada Literária 2016, no Centro Cultural B_arco, em Pinheiros. Em quatro rodas, levando livros pra lá e pra cá, pretendemos acelerar algumas mudanças no sistema de distribuição de livros independentes. O ano que vem promete!
Em novembro, lançamos Além do PT: A crise da esquerda brasileira em perspectiva latino-americana, de Fabio Luis Barbosa dos Santos, ensaio que acreditamos ser essencial para começar a construir um novo caminho para sair da encalacrada política em que estamos nos metendo. Por fim, também em novembro, colocamos um pouco de lirismo nessa conjuntura nefasta com a publicação de O livro das diferenças, de Paulo de Tarso L. Brandão. O recital de lançamento foi tão bonito, mas tão bonito, que só estando lá para entender a satisfação que sentimos em encerrar com música e versos um ano tão, tão, tão… tão 2016.
Ah, e no meio de todos esses lançamentos e debates e ônibus e tantas outras coisas, ainda recebemos a notícia de que Corumbiara, caso enterrado, de João Peres e Gerardo Lazzari, que lançamos em julho de 2015, foi indicado como finalista da 58ª edição do famoso Prêmio Jabuti. O livro sobre o massacre de Corumbiara — ocorrido em 1995, em Rondônia, e que deixou ao menos doze mortes — ficou entre as dez melhores publicações do ano na categoria Reportagem e Documentário, ao lado de várias feras e monstros sagrados do jornalismo (ô loco, bicho!). Nada mais que merecido para um trabalho que rodou o estado ex-amazônico de sul a norte, e foi recebido com entusiasmo por milhares de rondonienses.
Enfim, estamos muito contentes porque, em 2016, e graças a muito trabalho contra a maré, chegamos ao fim do ano vendo nossa manada crescer. Cresceu demais! Para além de prêmios e vendas, é isso o que realmente importa — é isso que queremos. Vocês podem imaginar que não é nada fácil levar uma editora microminúscula em um país que lê muito pouco e passa tempo demais diante da televisão e das redes sociais. Mas ninguém aqui está reclamando — até porque temos vocês. Seguimos em frente, caminhando devagar e nunca sozinhos. Igual aos elefantes.
Tomara possamos continuar contando com sua companhia em 2017.
Uma ótima passagem pra tod@s vocês!
E nosso muitíssimo obrigad@!
Dos paquidermes,
Bianca Oliveira,
Leonardo Amaral,
João Peres &
Tadeu Breda