Na Amazônia da COP, lutar com a floresta — e com Zé Cláudio e Maria

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Por Paulo Silva Junior
Elefante na Sala

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram assassinados em 2011, numa estrada na região de Nova Ipixuna, no Pará. Um crime anunciado, cuja emboscada interrompeu a luta e a militância de duas figuras centrais para a região e, por consequência, para o mundo em defesa das florestas.

Felipe Milanez conta a história da dupla a partir de seu encontro com Zé Cláudio e Maria, o que deu no livro Lutar com a floresta: uma ecologia política do martírio em defesa da Amazônia, tema deste episódio de número 13 de nossas conversas com autores aqui no Elefante na Sala. 

O Elefante na Sala é o podcast da Editora Elefante, disponível no player acima, nos tocadores, no YouTube e no nosso site. Felipe Milanez é sociólogo, ecologista político e professor na Federal da Bahia.

Felipe, começar falando de sua aproximação e relação com Maria e Zé Cláudio. Como essas pessoas surgem para você e por que esse casal te remeteu a esse desejo de pesquisa e militância?

Essa pergunta me leva a imaginar como eu era 15 anos atrás, que momento a gente estava vivendo no Brasil há 15 anos, e que momento José Cláudio e Maria viviam logo antes de serem assassinados. Parecia que a democracia era sólida, que havia um projeto de país associado ao crescimento econômico, e o desmatamento na Amazônia estava em queda. Isso representava um certo sucesso de uma política de crescimento associada à proteção ambiental, e isso levava também a uma análise mais cuidadosa de quem andava em campo na Amazônia, de ver que havia outros projetos que eram contraditórios a essa questão da queda do desmatamento: construção de usinas hidrelétricas — a gente já vinha com Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, com Belo Monte, que estava sendo anunciada e imposta com violência e autoritarismo de cima para baixo, no Rio Xingu —, a construção de grandes frigoríficos, sobretudo nas margens sul e leste da Amazônia, então atingindo bastante o Pará, e também uma expansão da soja.

Isso provocava o mal-estar de que alguma coisa ruim estava acontecendo, ainda que o desmatamento estivesse caindo. Eu fui investigar, trabalhando nessa época como jornalista, descobrindo muita coisa ainda, como me aprofundar mais nesses grandes debates que eu ouvia na Amazônia. Eu já tinha muito interesse pela Amazônia, era apaixonado pelo trabalho com povos indígenas que eu vinha fazendo após uma experiência de trabalho na FUNAI, e fui fazer uma investigação no sul e sudeste do Pará, que é uma região marcada por Carajás, pelo impacto da chegada da Vale, pelas usinas siderúrgicas que consumiam carvão florestal. Já tinha estado algumas vezes nessa região em trabalho com os Kayapó, os Xikrin, os povos da região, e também já tinha contato com uma pessoa extraordinária dos movimentos sociais, que é o advogado da Comissão Pastoral da Terra, o José Batista Afonso.

A gente conversava bastante, uma grande referência para os jornalistas que trabalham na região. E ele me falou da situação do José Cláudio e Maria, de que no assentamento onde eles viviam tinha carvão, que eles eram um casal muito especial, muito ambientalistas, que eu ia gostar de conhecer eles, e que era importante eu ajudar a fazer alguma coisa, tentar chamar atenção na mídia. E assim eu fui passar um dia, acho que foi dia 10 de outubro de 2010, ainda época de seca. Já não tinha tanto queimada como os anos antes, mas a gente via queimadas, pastos sendo queimados, e um pouco de floresta também, no trajeto de ida e volta. E assim eu passei um dia com eles. Foi quando eu conheci Maria e José Cláudio. Fui muito bem recebido, e fui fazer entrevistas com eles. Entrevistas bem abertas, era para a gente se conhecer, para conhecer o trabalho deles.

Eu tinha vontade de fazer um documentário sobre a luta ambiental na região. Ao final desse dia fiquei muito cativado. Eles preocupados, a situação de ameaça de morte muito presente, e eu não tinha tido tantas experiências de me aproximar de defensores ambientais que estivessem numa situação de vulnerabilidade e risco. E o que fazer diante dessas situações? Como jornalista, denunciar? Mas como denunciar? Como a gente pode se posicionar? Como posso escrever a respeito sem piorar a situação, sem expor mais as pessoas? Havia muita preocupação sobre isso.

Então fiz uma primeira entrevista, mais leve, que eu publiquei na Vice, para visibilizar o caso. Eu ia participar do TEDx Amazônia, em Manaus, e convidei o Zé Cláudio e a Maria para participar, só que só um poderia viajar, porque o pai do Zé Cláudio estava muito doente. E, se o Zé Cláudio ficasse sozinho cuidando dele, teria muita chance de ele ser uma vítima. Ao passo que só a Maria, sozinha, não. Eles [os possíveis assassinos] não deixariam o Zé Cláudio. Eles me falaram isso na época, que era uma situação terrível, e eu não estava acostumado a lidar com a possibilidade da morte diretamente. Eles foram assassinados poucos meses depois, em maio.

Isso foi um trauma muito grande, um choque imenso na região, nos movimentos sociais, uma bomba para as famílias de Zé Cláudio, de Maria. E, pessoalmente, para mim, uma situação muito transformadora mesmo, em vários sentidos, de dor, de revolta, de ressentimento, de tristeza profunda, de indignação. Eu tinha me afeiçoado muito a eles. A gente vinha conversando muito ao longo desses seis meses, desde que a gente tinha se conhecido. E, naquela época, o contato não era como hoje. A internet em Marabá não permitia que a gente fizesse muito além de trocar e-mails, por exemplo.

A partir daí, eu fui tomando diferentes reações, que foram mudando a minha profissão e mudando quem eu sou, ao passo que eu ia acompanhando, participando e me engajando em duas dimensões da luta: o reconhecimento de Zé Cláudio e Maria, de Claudelice, que é a irmã de Zé Cláudio, de Laísa, que é a irmã de Maria, de José Batista, que é o advogado, das irmãs de Zé Cláudio, que são muito ativas também, grandes intelectuais; e uma luta por justiça, para que os assassinos e os mandantes tem um que foi julgado, mas aparentemente havia outros — fossem julgados e condenados.

Eu fiz um filme nessa época, tinha algumas cenas deles, e tinha o contato com a Vice. Tinha uma inspiração no trabalho de um cineasta inglês, que se chamava Adrian Cowell, que morreu em outubro desse mesmo ano, só que ele estava vivo na época que Zé Cláudio e a Maria foram assassinados, e o Adrian era amigo do Chico Mendes, tinha filmado o Chico Mendes. Me ajudou a entender como eu poderia também agir com relação a Zé Cláudio e a Maria. Então eu fiz esse documentário junto com a família, e isso trouxe muito reconhecimento para eles, foram agraciados post mortem com o prêmio de Heróis da Floresta pela ONU, que através do meu trabalho me fez uma menção honrosa no Ano Internacional das Florestas. E nesse tempo eu vinha sentido a necessidade de aprofundar a discussão, de entender melhor, sair de uma perspectiva mais de denúncia, de exposição que o jornalismo nos coloca, para tentar entender as estruturas mais profundas que produziam essa injustiça.

É quando eu passo a procurar oportunidade de pesquisa, para fazer um doutorado. Eu já tinha um mestrado em Ciência Política, e aí eu consigo ser aprovado em uma Rede Europeia de Formação, que envolveu diversas universidades, entre elas o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que me acolhe como pesquisador de doutorado. E nessa rede eu tive a oportunidade de conhecer a ecologia política, me aprofundar nessa abordagem de pesquisa profundamente engajada, implicada com as lutas socioambientais, e circular por uma gama de teorias. E a minha base principal de teoria, que é o ecofeminismo, eu aprendi com a minha querida orientadora Stefania Barca, uma ecofeminista italiana de Nápoles, que era professora pesquisadora do Centro de Estudos Sociais na época.

Vou buscando ferramentas analíticas que me ajudassem a ter uma atenção à luta de Zé Cláudio e Maria, a entender que o assassinato desse casal não era um crime a mais de uma estatística da brutal desigualdade do Brasil, dessa concentração absurda de terra no campo, da violência do agronegócio. Era isso, mas era também um assassinato de experiências de vida, de pensamento, de amor, de um conhecimento profundo da floresta e uma morte que nos matava a todos e todas, no sentido de que toda a humanidade perdia com essa experiência brilhante dos castanheiros e das castanheiras, de uma origem indígena e afro-diaspórica de matriz e pensamento que conseguia construir na Amazônia uma relação de proteção, de habitabilidade, de beleza, de convívio.

Em 2013 foi o julgamento de Zé Cláudio e Maria, em primeira instância, que foi um absurdo. E em 2016, há dois fatos que marcam o ano com relação ao crime. O primeiro é o golpe contra Dilma Rousseff, contra a democracia, e que atinge o governo de Dilma. E o segundo é o julgamento em segunda instância, em Belém, no segundo semestre, inclusive próximo do caso do golpe. Isso mexeu muito comigo, porque eu passei a entender que esse caso anunciava uma situação difícil que iria vir no futuro no Brasil. Ele não era um caso isolado, mas ele era realmente um caso estrutural, analítico e revelador das grandes contradições no Brasil.

Então eu passei a tentar entender o pensamento de Zé Cláudio e Maria, a honrar e reconhecer sua sabedoria, e também analisar como a brutalidade que os atingiu movia estruturas muito mais amplas. Eu só consegui me organizar intelectualmente para fazer o livro, alguns anos depois, quando fui fazer pós-doutorado, uma parte na Universidade de Clark, nos Estados Unidos, uma parte na Universidade de Buenos Aires, integrando o grupo de pesquisa da CLACSO, com grandes referências da América Latina, da ecologia política latino-americana. É quando eu consigo realmente organizar as ideias, melhorar a escrita da tese e oferecer um texto que fosse mais condizente com a beleza da pluralidade, da riqueza dos saberes de Zé Cláudio e de Maria, do amor entre Zé Cláudio e Maria, e do amor de Zé Cláudio e Maria com a floresta.

Muito legal, Felipe, conhecer todo o panorama. E entrando num contexto dali, estamos falando de madeireiros, carvoeiros, pecuaristas, fazendeiros e, no geral, especuladores da terra. Gente que está sondando, se articulando nos bastidores… Como a banda toca, como essas pressões e ameaças se dão na prática?

Conforme fui analisando pela ecologia política feminista e pela forma como Zé Cláudio e Maria narravam a história da região, a primeira coisa a me chamar a atenção foi esse vocabulário. Esse vocabulário do capitalismo que chega lá. A masculinização desse vocabulário. São os garimpeiros, são os madeireiros, são os grileiros, são os fazendeiros, são os pecuaristas. É uma chegada do avanço de uma fronteira que carrega uma estrutura militar de avanço, marcando uma fronteira de devastação, de destruição. Aonde vai chegando esse complô vai se tornando terra arrasada em vários sentidos.

A floresta vai para o chão, vem fogo, vem pasto, vem violência em diversas dimensões. Não é só uma dimensão da violência, não é só a violência do assassinato. A violência opera em vários sentidos. Ela opera contra a floresta, a natureza, aqueles grupos sociais que estão lá, as mulheres, os povos indígenas, as populações tradicionais. Essa fronteira que se expande nessas regiões da Amazônia. Nesse período a gente falava ainda mais de fronteira, porque parece que a coisa vinha ainda de um jeito mais territorial. Hoje mudou um pouco essa situação física da fronteira por conta da tecnologia também. Então já é permitido que se abram células cancerígenas em diferentes espaços. Não só como um avanço através do arco do desmatamento, mas se pulverizou a distribuição da floresta por dentro dela mesmo, através do garimpo, do narcotráfico.

Esse vocabulário do patriarcado, do capitalismo, do colonialismo se multiplicou ainda mais nos últimos anos. Isso é diretamente implicado com São Paulo. Essa operação do PCC que aconteceu na Faria Lima poderia acontecer também de todos esses grandes bandidos da Amazônia, na Faria Lima, na Paulista, nos lugares mais nobres de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, que são os lugares de onde se expande o patriarcado, essas estruturas de destruição.

O que fui aprendendo, vendo lá na região, é que há uma desigualdade tremenda de poder na disputa pelo acesso aos recursos naturais, que acontece no campo. E a gente só entende quando tem uma abertura mais ampla do olhar. Entre o Zé Cláudio, a Maria e os pistoleiros que o assassinaram, ou aquele mesmo fazendeiro pequeno que estava tentando virar um grande fazendeiro grilando lotes dentro do assentamento, que é o Zé Rodrigues: não haveria uma desigualdade tão grande, digamos assim, entre esses indivíduos. Mas, de repente, a gente começa a fazer uma análise mais ampla e, por isso, é tão importante a gente compreender como é que o capitalismo opera nessas fronteiras, para entender que impacto o sistema global tem sobre a região. Por que essa região é transformada numa grande zona de sacrifício, de extração de madeiras, de extração da floresta, tanto para fim de carvão quanto para fim madeireiro, de extração do solo para soja e para pecuária, de extração mineral. Como é que o extrativismo opera como uma força de avanço do capitalismo e de espoliação de quem está lá.

E isso foi produzindo violências, de forma que, quando os Zé Cláudio e Maria foram assassinados, eles já estavam mais isolados, já havia na região uma dimensão de difamação deles e da luta, e que foi operada na justiça. Então havia interesses econômicos na morte deles e isso aglutinava a classe dominante da região, junto com o poder judiciário, junto com a polícia. O delegado que fez a investigação pela Polícia Civil teve uma postura de tentar limitar a sangria desse caso. Apareceu apenas um dos mandantes. O juiz do caso, por três vezes, negou a prisão preventiva dos réus até que fugissem. Levou meses, aliás, para eles serem capturados, e depois eles fugiram. Então uma série de facilitações para a destruição, uma série de facilitações para a acumulação do capitalismo, para a expansão do individualismo, do neoliberalismo, que vai construindo uma ideia de ser sozinho e de se dar bem sozinho. Tudo isso que eu estou contando o Zé Cláudio e a Maria tinham plena consciência. E eles falavam na entrevista. A entrevista que o livro traz ao final, a voz própria de Zé Cláudio e Maria, tudo o que eles me contaram eu transcrevi.

E a hipocrisia do ambientalismo capitalista que visa negociar e botar valor na floresta. O Zé Cláudio me disse que ele era o verdadeiro protetor da floresta porque ele não vendia aquelas árvores. Eu acho importante a gente lembrar essa passagem, de quando Zé Cláudio fala que o verdadeiro protetor da floresta sou eu, que vivo aqui com elas e não vendo. A gente está fazendo essa entrevista enquanto já tem as movimentações da COP, e a principal contribuição do Brasil é um projeto de financeirização da floresta para se tentar colocar valor na floresta. Zé Cláudio já contrapunha esse valor cremastício do dinheiro do capital da floresta. A floresta é um sujeito, é uma entidade que nos permite conviver com ela. Se a gente tiver paciência, nós vivemos bem com ela, ela nos dá tudo o que a gente precisa. Ela não precisa ser financeirizada para poder existir.

E para a gente fechar, te ouvir sobre essa luta por visibilidade. O trabalho de jornalista, militante pesquisador… O livro também — ter um texto como esse nas livrarias, nos ambientes literários. Qual sua reflexão sobre isso, diante de COP30, dos últimos governos do Brasil… Remar nesse caminho de levar essas pautas e debates.

Tive a oportunidade de experimentar diferentes mídias e formatos de compartilhamento das reflexões. Inicialmente na imprensa escrita curta, com denúncia, manchete, informações cruas, informações duras, nos primeiros momentos após o assassinato. Depois, através de um filme documentário Toxic Amazon, que permite que as pessoas possam ver e ouvir, uma sensação muito forte. Depois foi feito um trabalho de aprofundamento intelectual, uma tese, artigos científicos, tentando apresentar o pensamento sobre o que advém dessa experiência. Por último, o livro tem tido um efeito muito transformador para mim, que é a gente colocar em papel, através de palavras. Tem muita intimidade, muito pensamento, uma profundidade daquilo que realmente eu gostaria que outras pessoas pudessem ter enquanto experiência de reflexão.

E a sensação do livro é que a leitora e o leitor conseguem realmente se aproximar das ideias de José Cláudio e Maria, daquela realidade. O livro permite uma viagem individual que nenhuma dessas outras mídias permite. E o livro também, feito com cuidado, permite que a gente possa trazer todas as dimensões de justiça que a gente entende, que sejam importantes. Nesse caso, uma justiça epistêmica também, uma justiça com relação ao trabalho da família, da Laísa Sampaio, irmã da Maria, que fez textos lindíssimos na universidade, da Claudelice Santos, a irmã de José Cláudio, que fez um TCC sobre o caso, que estudou justamente a opressão a eles. Trazer as reflexões da Clara, que é a sobrinha. Ou seja, o livro permite que a gente faça uma troca intelectual profunda mesmo, de ideias, que a gente consiga fazer o encontro dessas perspectivas.

E, nesse momento, na COP, eu fico muito feliz de ver a posição da família de José Cláudio. A Claudelice como uma grande líder internacional, uma referência mundial da luta dos defensores ambientais. Ela e companheiras e companheiros dos movimentos sociais estão construindo a COP do Povo. A COP do Povo vai ser um espaço de encontro e de luta em Belém, em paralelo à outra COP das corporações, da ONU e do Estado.

Na COP do Povo vão ter grandes casos que serão julgados de ecogenocídio no mundo. A Claudelice conseguiu transformar a experiência da dor individual, da família, da perda de uma pessoa tão próxima, tão querida, de uma forma tão brutal e violenta, numa experiência muito mais ampla, compartilhada, de justiça, que pode atravessar continentes. Um eco de parcerias, de alianças, de união e de indignação para que a luta dos defensores ambientais seja ouvida e haja proteção, garantia e respeito aos defensores. A luta dos defensores ambientais vai estar na COP. Vai estar presente e vai mobilizar várias frentes de batalha. Muitas dessas frentes não estão na mídia, na grande imprensa. Isso não significa que elas tenham mais ou menos importância e que elas deixem de animar novas gerações engajadas na luta da defesa da Amazônia. Essa grande mídia tem uma influência macro no Brasil, mas ela não tem uma influência nesse sentido de inspiração. Há um mundo que anda à parte dela e que vai seguir se reproduzindo, felizmente.

Todos os anos, uma semana depois do assassinato (24 de maio de 2011), os movimentos sociais da região organizam a Romaria dos Mártires da Floresta, um processo liderado pelos familiares na luta por justiça e em memória. Cada vez mais a gente vê mais jovens engajados. Esse movimento, essa força, vai continuar girando. Ela vai se reproduzir, ela vai ampliar.

A COP acontece em Belém. Belém é onde aconteceu o segundo julgamento que condenou o assassino de Zé Cláudio e Maria. Belém é a capital do Pará. Eles foram mortos no Pará. Eles lutavam no Pará. O Pará é um Estado de muita mobilização. Com grandes centros de pesquisa, Núcleo de Altos Estudos da Amazônia, o Museu Goeldi, as universidades federais onde  diversos estudantes camponeses, indígenas. São universidades públicas comprometidas, engajadas, que estão produzindo ideias, que estão produzindo resistências. Os movimentos sociais do Pará são muito fortes. E eu acredito que isso vai influenciar não as decisões corporativas da COP, que essas já estão tomadas; mas vai mobilizar os enfrentamentos e as construções de novas alternativas.

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