Sete chaves para pensar o atual cenário da fome no Brasil: a contribuição de Josué de Castro

O flagelo retorna e já assola 58% dos lares brasileiros. Sete conceitos do pensador pernambucano – como a ciência engajada – são pistas para superá-lo. Será preciso entender complexa geografia das injustiças e outro modelo de desenvolvimento

Por Renato Carvalheira do Nascimento
Trecho de Da fome à fome

 

O teórico pernambucano Josué de Castro se inscreve no rol de intelectuais que apresentaram formas originais de compreender a realidade brasileira. Com ele, veio abaixo a imagem de um Brasil generoso, de natureza colossal e exuberante, no qual supostamente não haveria escassez de alimentos. Por meio de sua extensa e profunda obra, Josué de Castro descortinou um Brasil que, de norte a sul, de forma direta ou indireta, estava marcado pelo problema da fome — não tanto devido às condições naturais, mas, sobretudo, por causa do próprio homem e da estrutura socioeconômica implantada no país.

Os milhões de brasileiros que passam fome1 hoje sinalizam que a obra de Josué de Castro resiste à prova do tempo e precisa ser revisitada. Com o atual cenário marcado por um modelo de desenvolvimento agroexportador, com forte e crescente presença de produtos alimentícios ultraprocessados e profundas mudanças climáticas, uma nova geografia da fome vem se materializando.

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