Candidata a vice na chapa do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB-SP), médico de formação, a senadora gaúcha Ana Amélia defende os cultivos de tabaco no Brasil com unhas e dentes. Sempre que tem a oportunidade, a parlamentar ruralista grita pelos “interesses dos produtores” concentrados no Rio Grande do Sul, mesmo que a realidade dos agricultores seja muitas vezes deixada de lado em prol dos benefícios às grandes indústrias do cigarro.
O que Ana Amélia não faz é informar que o PP, seu partido, é a legenda com ligações históricas mais fortes com a indústria fumageira, sendo o destinatário de doações expressivas de dinheiro do tabaco para campanhas eleitorais. Ana Amélia também é conhecida por tentar interferir a favor das empresas em consultas públicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando as propostas visam à regulação do setor.
“Essa evocação da defesa do produtor é problemática. Se a senadora e a ‘bancada do fumo’ defendem exclusivamente o agricultor, por que é a indústria do cigarro quem os financia?”, questionam João Peres e Moriti Neto, autores do livro-reportagem Roucos e sufocados: a indústria do cigarro está viva, e matando, que será lançado pela Editora Elefante no dia 29 de agosto, no Rio de Janeiro, e, em 4 de setembro, na cidade de São Paulo.
A publicação desvenda as ligações ocultas da indústria fumageira com políticos, juízes, ex-ministros do STF, meios de comunicação e entidades de combate ao contrabando, entre outros poderosos. A candidata a vice de Geraldo Alckmin é apenas uma delas. Como Ana Amélia, uma série de figuras públicas tentam, mas mal conseguem esconder para quem trabalham. São vozes roucas que agora podem se instalar no Planalto.