Por Verónica Gago
Entrevista a Roxana Sandá*
Uma raiva de séculos envolve a América Latina e ressoa com amargura. O movimento de mulheres, lésbicas, trans e travestis levanta-se contra a caça feroz desencadeada após o golpe de Estado na Bolívia [em 10 de novembro de 2019] e faz frente ao aparato repressivo no Chile. São milhares de corpos acendendo fogos de rebelião para desafiar as fobias racistas e de classe, as fobias colonialistas e dominantes que cospem sobre quem luta por uma alternativa de poder feminista, antipatriarcal, antiextrativista e descolonizante. Os jovens enfrentam o maquinismo neoliberal para que não continue empobrecendo suas famílias. Enquanto escrevo este texto, a resistência já dura semanas. “A História é nossa e o futuro também”, declaram grafites pintados na urgência.
Por um momento, os olhos da cientista política, professora e militante feminista argentina Verónica Gago, autora de A razão neoliberal, se umedecem. Pensa nos rios de sangue que estão correndo, mas também na sequência de lutas que estão rompendo os limites de um poder de morte. O livro que ela acaba de apresentar na Argentina, La potencia feminista: el deseo de cambiarlo todo [lançado pela Tinta Limón, e que em 2020 ganhará uma edição brasileira pela Editora Elefante], é uma caixa de ferramentas para ser usada contra a ofensiva neoliberal e conservadora, mas também uma investigação tramada ao calor das assembleias, das mobilizações, das greves internacionais do 8 de março, que conecta as violência econômicas, financeiras, políticas, institucionais, coloniais e sociais.
Um feminicídio a cada 29 horas na Argentina [um a cada oito horas, no Brasil] obriga a sair do binarismo vítima/algoz e a atravessar os conflitos enfiando transversalidade na “tremor simultâneo das camas, das casas e dos territórios” de que fala a Verónica Gago, sem deixar nada de fora, porque as lutas feministas atravessam tudo. Uma advertência: nesta entrevista, ler a consigna #NiUnaMenos [NemUmaAMenos] implica reconceitualizar as violências machistas e politizá-las, para reconhecer seu horror e desarmá-lo, a ponto de converter em migalhas a retórica da vitimização. Mas quando nos assaltem as letras de #NosMueveElDeseo [NosMoveODesejo], esta aventura em chave plurinacional, estaremos diante da capacidade experimental, desejante, massiva e radical com que se constrói uma proposta revolucionária: o desejo de mudar tudo.
Eis a entrevista:
A que se refere “a potência feminista”?
É uma maneira de denominar a força do processo que os feminismos protagonizaram nos últimos anos e de dar conta de tudo o que abriram, puseram em debate e alvoraçaram: nas relações sociais, nas formas de fazer alianças políticas, nas dinâmicas de rua, nas maneiras de dar conta do sofrimento e no modo de criar lutas transversais. “Potência feminista” quer dizer que experimentamos uma força concreta que desloca e modifica os limites do que acreditamos que podemos e somos capazes de fazer, de transformar e de desejar. E esta potência tem muito a ver com outra das caracterizações em que mais insisto no livro: a conjunção que os feminismos conseguiram entre massividade e radicalidade. Tal conjunção marca uma novidade histórica. Claro que sempre houve grupos, dinâmicas, debates feministas variados, fundamentais, radicais. Mas o fato de tudo isso tomar uma escala de massas e transnacional, como ocorreu nos últimos tempos, revirou a cena. Esta expansividade do feminismo no interior de organizações, espaços e territórios existenciais dos mais diversos faz com que o movimento — que é intergeracional e pluralista — consiga fazer intervenções políticas conjunturais muito fortes, ao mesmo tempo que altera as vidas cotidianas. A simultaneidade do tremor nas camas, ruas, casas, territórios, lugares de trabalho (eles próprios redefinidos pelo feminismo) introduz uma transversalidade materialista, que não deixa nada de fora, nada sem tocar. E uma questão que abraça todos estes planos é como se reconceitualiza, de maneira prática, a partir das instâncias coletivas, as violências domésticas (incluindo as financeiras), institucionais, racistas, trabalhistas. Isso permite um diagnóstico feminista do aumento de violências, um mapeamento e uma caracterização precisa das conflitividades sociais do presente.
E permite conectar os diferentes conflitos
A potência feminista é uma capacidade de conectar lutas bem distintas, a partir de uma preocupação comum. O que está sendo expropriado da riqueza coletiva, de maneira que nos empobrece a vida, nos rouba tempo e explora determinados corpos e territórios de maneira brutal? Nesta chave, começam a ser tecidos os conflitos, as reivindicações e as lutas propostas por coletivos indígenas, trabalhadoras precarizadas, estudantes, trabalhadoras da terra, travestis e trans, aposentadas. E esta, insisto, é a materialidade concreta da transversalidade feminista que se conquistou. Por último, diria que a noção de potência é uma discussão em termos de teoria política: a partir de certa leitura de Espinosa, pode-se dizer que a potência é uma capacidade de fazer, de instituir, de afetar e de criar que se diferencia do poder — este, um grau mínimo de potência. Creio que isso é importante para discutir a infantilização que muitas vezes se tenta fazer do feminismo, como prática ingênua ou microscópica na transformação social.
Por que você propõe a greve feminista como uma espécie de lente para conceitualizar e politizar as violências?
A greve funciona como uma espécie de umbral, de prática de deslocamento diante da violência feminicida. Gera um lugar de enunciação que não aceita apenas a subjetividade das vítimas — a predileta da mídia e de certas instituições. Em vez disso, propõe uma subjetividade que se constitui na luta, no encontro com outres. E a greve expressa um gesto de bloqueio diante do estado de coisas. O chamado à greve permitiu questionar o que chamamos de trabalho; qual é o valor que produzimos; de que maneira as violências machistas relacionam-se com a precarização generalizada. Mas, além disso, a greve como processo político, que começa em 2016, e que segue com a emergência internacional da greve do 8 de Março nestes últimos anos, tem como protagonistas aquelas que realizam os trabalhos historicamente desvalorizados — ou as que foram marginalizadas, por muito tempo, nos sindicatos. Assim, a greve é impulsionada a partir das trabalhadoras sindicalizadas e das trabalhadoras da economia popular, a partir das professoras ad honoren e das estudantes, das jornalistas freelancers e das trabalhadoras estatais precarizadas, das agricultoras e das trabalhadoras migrantes, das que trabalham em casa e das desocupadas. Ela desencadeia, em termos práticos, uma perspectiva feminista que permite ler as formas de trabalho atuais, enxergar todos os trabalhos, que em sua maioria compartilham a condição de precariedade e de superexploração. Ou seja, a perspectiva feminista não apenas ilumina, visibiliza e valoriza o trabalho das mulheres e dos corpos feminizados, mas permite ler, a partir daí, a condição de precarização geral, a fragilização das relações e a necessidade de uma força coletiva para fazer frente a tal nível de saque da vida.
A greve feminista desacata o reconhecimento restrito da greve tradicional a respeito de quem são trabalhadorxs. Lança uma bela consigna: #TrabajadorasSomosTodas [TrabalhadorasSomosTodas]. Ao mesmo tempo, evidencia que, hoje, o próprio “trabalho formal” torna-se cada vez mais intermitente, mais difícil. Mesmo para quem tem o “privilégio” do salário, esta renda já quase não garante a reprodução da vida. Muito foi escrito e pensado sobre o que significa a divisão sexual do trabalho, deste matrimônio indissociável entre patriarcado, colonialismo e capitalismo. Mas a novidade é que a greve feminista atualiza essses debates em termos práticos, em uma perspectiva que abre espaço de insubordinação diante do mandato da “austeridade”, da dívida e da precariedade.
O feminicídio de Lucía Pérez, em 2016, durante o Encontro Nacional de Mulheres de Rosário, na Argentina, foi um luto coletivo e um impulso para a primeira Greve Internacional Feminista.
Produziu-se, então, uma racionalidade de assembleia. E desta assembleia saiu a ideia-força da Primeira Greve de Mulheres, como foi chamada. O que sustento no livro é que as assembleias produzem um modo de inteligência coletiva em três atos: a imaginação de uma ação comum surgida aí mesmo, in situ; a avaliação da força que se tem; e, finalmente, a capacidade prática de realizar uma decisão coletiva. A assembleia é uma máquina de decisão política que instala outra força soberana, que surge ao produzir condições de escuta — cada vez mais escassas em tempos de hipermediatização. O chamado a deixar as redes, a nos encontrarmos corpo a corpo, sempre é um chamado ao trabalhoso ato de estar juntas, e a sustentar os desencontros que aí se produzem, como parte de uma prática de elaboração coletiva. É um exercício histórico do feminismo que, nos últimos anos, vimos ser multiplicado e massificado.
A partir das assembleias e das greves, e a partir dos territórios, o feminismo começou a tecer um novo processo transnacional e plurinacional que não pode ser detido.
O processo de transnacionalização ou internacionalismo feminista é das coisas mais interessantes, porque esta prática está sendo reinventada a partir do movimento feminista. Tem a ver com a capacidade de ressonância que as lutas vão adquirindo, a maneira como se traduzem e materializam os sentidos de uma consigna, de uma bandeira, de um lenço, uma imagem. Quando houve o debate pelo aborto legal, seguro e gratuito, ou a greve feminista, não ocorreu apenas o esquema clássico de solidariedade de umas lutas contra as outras. Ao contrário, o transnacionalismo expressa-se como uma força concreta em cada luta, e um horizonte comum que não achata as diferenças nem as coloca debaixo do tapete para encaixar tudo num mesmo esquema. Esta experiência de não estarmos sós, que sintetiza consignas como “Tocam em uma, tocam em todas!” expressa uma repercussão, uma conexão e uma transversalidade que produz um corpo coletivo, alargado, e que permite coordenar iniciativas muito amplas, ao ponto de produzir o efeito oceânico de maré.
Desde o #NiUnaMenos, formula-se uma frase avançada, quase senha de transformação, que é NosMoveODesejo. O que essa consigna expressa politicamente?
Eu gosto muito desta consigna. Vejo nela muitos desdobramentos, e a tomei como guia no livro. Por um lado, significa para mim que o desejo tem potência cognitiva. Quer dizer que produz conhecimento, percepção, sensibilidade. Dar este status ao desejo implica assumir sua capacidade política de mobilização e de invenção de trajetórias vitais. Algo muito rico do movimento feminista é esta elaboração permanente de consignas, de frases, de slogans que vão tramando um saber coletivo e uma pedagogia feminista, para ir conceituando, nomeando e tramando, compartilhando o que fazemos — o que pode ser sistematizado também como saber. O desejo não é o contrário do possível, como muitas vezes se diz. É o que abre outros possíveis. Nesse sentido, o fato de nos mover implica uma aposta na radicalidade do que significa fazer política feminista. Nela, nenhum aspecto da vida fica fora da política. Tal politização da existência nega a hierarquia entre o espaço que se chama usualmente “político” e o espaço “doméstico”. Romper estas divisões tem a ver com desejar mudar tudo.
Para a ordem conservadora, produzir tais sentidos representa uma ameaça que precisa ser disciplinada, castigada ou destruída, se necessário. Com você caracteriza a guerra no e contra o corpo das mulheres e os corpos feminizados, no cenário atual?
Em sua investigação histórica Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, Silvia Federici explica por que a caça às bruxas é uma cena fundante da guerra contra as mulheres que está oculta na origem do capitalismo. A pergunta que se faz é: por que o capital precisa dar combate às parteiras e aborteiras, às que vivem sós, às artesãs e chefas de associações, e situá-las todas como bruxas — o que significa subjetividades heréticas e subversivas para o sistema. Isso supõe ao mesmo tempo a necessidade de desprestigiar seus conhecimentos, de tirar o poder social de suas atividades e de enclausurar a muitas mulheres no “lar” — termo entendido como serviço doméstico obrigatório e gratuito. Há aqui uma questão: o que se quer encerrar, quando se prende este poder e este conhecimento? É a pergunta que nos volta sobre por quê, em alguns momentos históricos, há certos corpos e certos territórios contra os quais se faz a guerra. O que se quer silenciar, explorar, dominar nestes corpos? É devido ao fato de mulheres, lésbicas, travestis e trans discutirem e confrontarem os modos históricos de subordinação e exploração diferencial destes corpos que a resposta tornou-se cada vez mais violenta? A pergunta da guerra mantém-se atual porque estamos em um momento em que a violência converteu-se na principal força produtiva.
Você fala também que o capital precisa incrementar as violências para sustentar formas de domínio e exploração que estão em crise.
Estão em crise porque há múltiplas lutas que questionam estas formas e as impugnam quando desejam outras coisas e repudiam os modos de vida neoliberais com sua dose insuportável de sofrimento, solidão e austeridade. Por isso, também, a crueldade particular com as gerações mais jovens; a intenção de endividá-las, medicá-las e controlá-las. É preciso entender esta obsessão atual de substituir educação sexual por educação financeira nas escolas. Parecem questões menores, mas são o contrário. Tocam no ponto de como o capital já organiza formas de exploração e extração de valor no futuro; como tenta superar a crise de poder quando corpos e territórios declaram-se em rebeldia, quando dizem que perderam o medo e que estão dispostes a mudar tudo.
Como você caracteriza as violências explícitas desatadas contra a força que os feminismos desencadearam na região?
Como uma contraofensiva militar, financeira e religiosa para tentar “voltar” ao que o capital chama de “normalidade”. Insisto, o retorno a essa “normalidade” é impossível sem ultrapassar um novo umbral de violência nestas três frentes ao mesmo tempo: financeira, através da dívida e do empobrecimento generalizado; militar, como estamos vendo, com repressão descarada; e religiosa, uma vez que os fundamentalistas religiosos estão em uma nova cruzada colonial e racista pelo domínio dos corpos, e o fazem com a Bíblia na mão.
No entanto, as violências ocorrem de diferentes modos com mulheres, lésbicas, trans e travestis, com as garotas das comunidades, com as mulheres migrantes e com suas próprias concepções de reprodução da vida.
A caracterização interseccional das violências e o enfrentamento às violências racistas, patriarcais, coloniais e capitalistas são uma linha vermelha entre os distintos feminismos: feminismo das periferias, transfeminismo, feminismo indígena-comunitário, feminismo negro, feminismo popular e muitos outros. A historicização das violências explicita feridas e opressões diferentes, e refletiu uma dimensão de classe que não é possível ocultar. Situar e especificar o que significa a violência em cada uma das existências diversas é fundamental. Ao mesmo tempo, é necessário compor uma luta comum que não elimine nem banalize estas diferenças históricas. Este plano comum é tecido a partir do que o coletivo Mujeres Creando chamou de “alianças insólitas”, capazes de criar composições com o que se tenta manter em classificações e caixinhas separadas.
Quando os feminismos se fazem fortes, como você diz, colocam no centro do debate os atos de despojo do neoliberalismo.
Um ponto fundamental é o caráter antineoliberal que os feminismos expressam hoje. Foram eles que puseram no centro do debate político a questão do extrativismo sobre corpos e territórios: desde o extrativismo de uma multinacional mineira, que desaloja toda uma comunidade em nome do desenvolvimento, até o extrativismo financeiro da dívida, que extrai valor da precariedade. Mas também foram os feminismos que puseram em primeiro plano a questão de o que significam o despojo da infraestrutura pública e a privatização de serviços sociais. Eles são substituídos com trabalho gratuito ou hiperbarato de mulheres, lésbicas, trans e travestis nos territórios — seres que o capital quer transformar em uma espécie de nova classe servil. Foram os feminismos que puseram em questão o que significa uma educação sexista com mandatos de gênero que preparam a juventude para estágios baratos nas empresas. Os feminismos articularam a dimensão de ajuste estrutural das economias com a dimensão de um governo do desejo e da ordem político-sexual que implica ordenar o trabalho e a inclusão social num esquema heteronormativo. Tudo isso permitiu que, em países como os nossos, se tirasse do mapa o feminismo liberal, que só propõe igualdade de condições sob o ideal de nos convertermos em empresárias de nós mesmas.
Estas ações diretas de corpo/território puderam ser vistas com clareza nestes dias, com as assembleias de mulheres e as dissidências no Chile…
O que ocorre no Chile é impactante. As companheiras da Coordenação Feminista 8M vêm numa sequência de iniciativas que remonta pelo menos ao maio feminista de 2018, esta reivindicação conjunta de educação pública e educação não sexista. Vieram em seguida o Encontro das que Lutam e a massividade do 8 de Março deste ano. Há, no último período, um acúmulo da dinâmica feminista que tem muito a ver com a pegada da mobilização atual, sobretudo devido ao lugar que tiveram as e os jovens secundaristas, ao iniciar a desobediência, o pula-catraca, como um gesto de ruptura com a chantagem moral implícita no endividamento familiar para que se eduquem e sejam exitoses em termos de competição. O mesmo vinha fazendo os movimentos que denunciavam a dívida por gastos com saúde. Para resumir, no coração do projeto neoliberal dos Chicago Boys, que é o Chile, implode-se a vida neoliberal graças ao impulso das gerações mais jovens, junto com uma dinâmica projetada pela greve plurinacional feminista. Porque o que vemos na greve dos últimos dias, no Chile, são elementos da greve feminista, que levam em conta a reprodução da vida como um espaço onde hoje o capital acumula o tempo todo. Como a reprodução da vida já não está garantida por rendimentos (sejam salariais ou de outro tipo), a dívida converte-se em uma obrigação, é adquirida compulsoriamente. Por isso, parece-me tão genial este grafite que no Chile alguém escreveu na parede de um banco: “Nos devem uma vida”, dizem, invertendo a questão de quem deve a quem.
A Bolívia arde, e a cada dia o recrudescimento dos setores que tomaram o poder e dos líderes da ultradireita está causando mais repressão e mortes.
É um massacre o que vem ocorrendo desde o golpe de Estado — sem dúvida, racista e fundamentalista. A violência sexual como violência política e a violência da heteronormatividade contra indígenas, mulheres, lésbicas, travestis e trans são o traço que sobressai na Bolívia, e é comum também ao Brasil, ao Chile e ao Equador. A pergunta que surge é: como se desarma o fascismo social e como se desarma a situação de guerra interna que se pretende instalar? Há uma discussão de fundo sobre como o desenvolvimentismo desencadeia dinâmicas neoextrativistas às quais se resiste há anos. E estas resistências têm como protagonistas mulheres que disseram claramente: a conquista neoextrativista e neocolonial dos territórios é contra a reprodução da vida, contra os bens comuns. Não é uma discussão teórica: é um acúmulo de lutas que, com enorme esforço, risco e perseverança, conseguiu instalar tal debate. É um ponto muito forte da discussão latino-americana atual, porque os feminismos estão denunciando o amálgama entre neoliberalismo, extrativismo e colonialidade. Hoje isso está no centro da guerra social. As lutas feministas puseram em palavras e em práticas uma resistência antineoliberal e relançaram o conflito político. Por isso, têm um papel fundamental em combater o fascismo, e estão também no centro do alvo das violências.
(*) Entrevista originalmente publicada em Página 12. Traduzida por Antonio Martins para o Outras Palavras.