A luta das mulheres pela vida na América Latina
Acabamos de abrir a pré-venda com desconto de Corpos, territórios e feminismos, uma compilação de teorias, metodologias e práticas políticas ligadas à luta pelo território e à resistência das mulheres indígenas, quilombolas, camponesas e periféricas da América Latina contra a violência e a expansão do agronegócio, da mineração e da extração petrolífera.
Esse é um tema constante em nosso catálogo — e será cada vez mais —, pois entendemos que a atual crise do capitalismo, como todas as outras que a antecederam, exige a abertura de novas fronteiras de exploração e acumulação. Não é à toa que, apesar de todas os alertas sobre a crise climática, a destruição ambiental tem atingido patamares alarmantes, com devastadores alçados aos níveis mais altos do poder em todos as esferas, não apenas no Brasil, mas em todo o continente.
Corpos, territórios e feminismos finca os pés nos territórios que vêm sendo alvo de projetos extrativistas — terras habitadas por populações tradicionais, cujo modo de vida entra em conflito direto com as diretrizes capitalistas — para entender como os povos estão resistindo à despossessão. Por meio de uma pesquisa militante, as autoras puderam compreender que essa resistência é liderada sobretudo por mulheres. São elas que mais sofrem o impacto da devastação e, portanto, as que mais se dispõem a lutar contra o seu avanço.
Um dos conceitos-chave proposto pelo livro é a (re)patriarcalização do território, ou seja, a forma como os projetos extrativistas transformam as relações das comunidades entre si e com a área que habitam, reimplantando e reforçando padrões masculinizantes de sociabilidade. Por exemplo, os poucos empregos criados pela mineração, pelas petroleiras e pelo agronegócio, majoritariamente destinados aos homens, reafirmam, por meio do salário, o poder patriarcal no seio familiar, enquanto, ao poluir rios e solos, retira das comunidades — das mulheres — as possibilidades de subsistência.
Corpos, territórios e feminismos é leitura essencial para aprofundar a compreensão sobre os efeitos socioambientais da fase atual do capitalismo, e principalmente para entender como os povos latino-americanos estão resistindo à destruição do que resta do planeta. Fica cada vez mais claro que não há futuro dentro do sistema. Se houver futuro, ele só poderá ser ancestral.