Agro veneno clima: dois vídeos imperdíveis

 

Com sua didática admirável e incrível capacidade de síntese, a comunicadora Rita von Hunty produziu um conteúdo imperdível sobre agrotóxicos, agroecologia e alimentação saudável a partir da leitura de Agrotóxicos e colonialismo químico, de Larissa Bombardi, e Quem vai fazer essa comida?, de Bela Gil. E o professor Lindener Pareto, apresentador do Provocação Histórica, entrevistou Luiz Marques, autor de O decênio decisivo, para abordar o tema mais importante da nossa época: a crise climática.

São vídeos curtos e muito, muito relevantes. E, ainda melhor: se inter-relacionam totalmente, pois o uso desenfreado de agrotóxicos e o aquecimento global se encontram nas desmatadas esquinas do agronegócio, repletas de soja transgênica, racismo ambiental e bolsonarismo. O caráter colonial de ambas as questões — que, na verdade, são partes de um mesmo grande problema político, social, econômico, cultural e ambiental — é inequívoco.

“Todo esse veneno [usado no Brasil] é produzido no Norte global, proibido no Norte global, e mandado para o Sul global, onde a gente toma veneno de colherada”, explica Rita von Hunty, em 21 minutinhos, referindo-se constantemente a Agrotóxicos e colonialismo químico. “Sei que parece uma hipérbole, mas os níveis tolerados no Sul global para veneno por litro de água chegam a ser mais de mil vezes maiores do que o tolerado na União Europeia.”

Esse veneno todo, claro, é usado pelo agronegócio para produção de commodities (milho, soja, algodão, açúcar) destinadas ao mercado internacional. Os partidários desse sistema não gostam do termo “agrotóxico”. Preferem “defensivos agrícolas”. “Assim, eles saem da ideia do ‘tóxico’ para a ideia do ‘defensivo’”, explica Rita von Hunty, sublinhando o componente ideológico do termo. “‘Agrotóxico’ é o único termo capaz de se referir ao que esses produtos químicos realmente fazem: intoxicar” — o planeta e as pessoas.

Rita von Hunty também chama a atenção para a presença dos agrotóxicos nos alimentos ultraprocessados. “Quando você vai ao supermercado e compra seu saquinho de ‘lixo’ [alimentos ultraprocessados, como bolachas e salgadinhos], o que você está comendo é veneno”, explica, citando uma série de produtos conhecidos nos quais foram encontrados resquícios de agrotóxicos, e ressaltando a importância da alimentação saudável promovida pela agroecologia e pelos cultivos orgânicos.

Na entrevista de 30 minutos que concedeu ao Provocação Histórica, Luiz Marques não hesitou ao dizer que o agronegócio “é o maior responsável por todos os impactos negativos da sociedade brasileira”. E continuou: “O desmatamento, a crise da biodiversidade, o aumento das temperaturas e a intoxicação dos organismos [pelos agrotóxicos] se concentram nesse núcleo negativo da sociedade que é o agronegócio”.

Para o autor de O decênio decisivo, uma das maiores barreiras para que a sociedade tome medidas concretas e efetivas contra o aquecimento global é o negacionismo. “Não só o negacionismo tosco da extrema direita, mas um negacionismo mais amplo, mais difuso, que defende a ideia de que podemos nos conduzir ao leito da sustentabilidade mantendo os paradigmas do sistema econômico globalizado”, explica, com um lamento: “Somos a única civilização que conhece as causas de nossa ruína e não está fazendo nada em relação a isso.”

 

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