A Elefante acaba de abrir a pré-venda de Nós, filhos de Eichmann: carta aberta a Klaus Eichmann, do filósofo alemão-austríaco Günther Anders. O livro já pode ser adquirido com desconto em nosso site. Os envios serão realizados a partir de 30 de março, no máximo. Para saber mais sobre o sistema de pré-venda da editora, basta clicar aqui.

Nós, filhos de Eichmann é o primeiro de uma série de textos de Günther Anders que a Elefante pretende publicar no Brasil. Até hoje, apenas uma obra do autor foi traduzida no país — Kafka: pró e contra. Em breve, traremos o intercâmbio missivista entre Anders e Claude Eatherly, o piloto estadunidense que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima, além dos diários e outras reflexões do autor sobre a hecatombe nuclear — que infelizmente continua atualíssima.

Nós, filhos de Eichmann traz duas cartas endereçadas a Klaus Eichmann, após a morte de seu pai, o oficial nazista Adolf Eichmann, em 1962. Responsável pela logística das deportações em massa dos judeus para os guetos e campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial, Eichmann foi capturado pela Mossad na Argentina, julgado em Israel e condenado à forca.

“Você percebe algo, Klaus Eichmann? Percebe que o assim chamado ‘problema Eichmann’ não é um problema de ontem? Que ele não pertence ao passado? […] Que todos nós, assim como você, somos confrontados por algo que nos é grande demais? Que, diante disso, todos nós afastamos o pensamento sobre o grande demais e sobre nossa ausência de liberdade? Que, portanto, todos nós somos igualmente filhos de Eichmann? Ou ao menos filhos do mundo de Eichmann?”, escreve Anders.

No Posfácio à edição brasileira, o tradutor Felipe Catalani destaca que o objetivo de Anders com esta publicação é “mostrar que Eichmann é, de certo modo, a ponta do iceberg de um enorme sistema de colaboração no qual se transformou a sociedade moderna”. Assim, continua, Nós, filhos de Eichmann pode ser lido “como uma versão sintética e prêt-à-porter” de algumas das principais teses desenvolvidas por Anders em obras mais extensas.

Décadas depois de terem sido escritas, as cartas reproduzidas no livro permanecem com uma atualidade nada menos que assombrosa. De acordo com o crítico literário Maurício Reimberg, é preciso comemorar a chegada do livro ao país. “O desencontro histórico entre a obra de Anders e o Brasil mereceria reflexão à parte, sobretudo agora que se recicla entre nós a fraseologia do capitalismo inclusivo, já quase inteiramente desprovida de função mobilizadora para a imaginação social e política. Se assim for, estas cartas a Klaus Eichmann ganham, finalmente, a chance de buscar seu destinatário brasileiro.”

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