O agronegócio destrói as condições para nossa existência

“O grande inimigo do Brasil hoje é o agronegócio, inimigo do futuro e do presente, porque ele está destruindo as condições de possibilidade da existência da nossa sociedade”, afirma Luiz Marques, autor de O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, ao considerar o desmatamento causado pela expansão da fronteira agrícola no país. O historiador participou de entrevista transmitida ao vivo pelo Grupo Prerrogativas neste sábado. “Quando você desmata a Amazônia, você está destruindo os alicerces da nossa existência no planeta.”

O decênio decisivo será lançado na terça-feira, 23 de maio, às 19h, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Além do autor, estarão presentes na ocasião a pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a jornalista ambiental e escritora Cristina Serra e o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro.

Como modelo agrícola a ser seguido, o autor aponta justamente aquele praticado pelo MST: agricultura familiar e orgânica, sem utilização de agrotóxicos. “O MST produz efetivamente uma alternativa que é, ao mesmo tempo, técnica e política para você resolver o problema da alimentação no Brasil. Pode funcionar como um modelo socioambiental para agricultura, para alimentação, é um trabalho que eles vêm desenvolvendo contra tudo e contra todos.”

Em O decênio decisivo, Marques, respaldado no estado da arte da ciência climática internacional, alerta para a urgência de ações que precisam ser tomadas, ainda nesta década, para evitar uma catástrofe ambiental e a extinção de inúmeras formas de vida no planeta. Para isso, defende a necessidade de propostas politicamente radicais. “Se a gente não ousar, se a gente não voltar a apostar numa mudança social radical pós-capitalista, com redução muito drástica das desigualdades, com cerceamento, por exemplo, dessa capacidade destrutiva do agronegócio; se a gente não mudar a estrutura da sociedade, a gente não vai a lugar algum.”

 

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