Contribuições de Paulo Freire na luta e na construção da pedagogia do MST

Por Eric de Oliveira & Alessandro Santos Mariano
Trecho do livro Paulo Freire e a educação popular
Publicado em Brasil de Fato

 

Em 2021, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), junto com centenas de organizações populares, celebrou o centenário de Paulo Freire, pois reafirmar e cultivar o seu legado nestes tempos difíceis é uma necessidade histórica, tanto por sua contribuição extraordinária para a construção da educação crítica e libertadora, comprometida com as causas dos oprimidos, quanto pela necessidade de recolocar a luta em defesa da educação pública na construção de um projeto de país radicalmente democrático e soberano. O MST, desde sua fundação, em 1984, tem construído um projeto de educação tendo Paulo Freire como um dos seus principais referenciais. Suas escolas e práticas educativas são orientadas pela pedagogia freiriana, constituindo-se numa pedagogia do e para os oprimidos, pois é construída no processo de luta e organização do povo sem-terra pela reforma agrária.

Este capítulo toma por base fontes primárias — documentos produzidos no MST no período de 1982 a 2000 — que resgatam a presença física e pedagógica de Freire no movimento e atestam as contribuições da pedagogia freiriana para a pedagogia do MST. Desde a sua gênese, o MST tem conectado a luta pela terra ao direito à educação, buscando conquistar escolas públicas e imprimir mudança na forma e no conteúdo de suas práticas educativas, na perspectiva da superação da educação bancária e da formação unilateral, avançando em práticas educativas dialógicas e na formação de sujeitos críticos e ativos.

Nessas quatro décadas, a luta e resistência do povo sem-terra conquistou aproximadamente 1,5 mil escolas públicas (estaduais e municipais), das quais 120 ofertam até o ensino médio, duzentas o ensino fundamental completo e as demais ofertam os anos iniciais. Nelas estudam em torno de duzentas mil crianças, adolescentes, jovens e adultos, e atuam cerca de dez mil educadoras(es). Mas um grande destaque se deve ao trabalho de alfabetização de jovens e adultos, que tirou mais de cem mil pessoas que residem em assentamentos e acampamentos das estatísticas de analfabetismo.

O ideário de Paulo Freire orienta também o conjunto de práticas formativas e organizativas diversas do movimento para além da educação, como a organização das famílias para a ocupação de latifúndios, organização dos assentamentos com a constituição de cooperativas, associações etc., reafirmando que a pedagogia freiriana é uma pedagogia dos oprimidos em luta e organização coletiva.

Leia a íntegra no Brasil de Fato

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