Capitalismo sem limites acelera crise climática, diz Luiz Marques

Por Eduardo Sombini
Publicado em Ilustríssima

 

Grande parte do que se sabe hoje sobre o aquecimento global já era conhecido no final dos anos 1970, afirma Luiz Marques, professor aposentado do Departamento de História da Unicamp e autor de O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, que acaba de ser lançado pela Elefante.

No entanto, o conhecimento científico sobre os mecanismos que provocam o aumento da temperatura do planeta — e a intensificação de eventos meteorológicos extremos e a extinção em massa de espécies, por exemplo — não levou a uma mudança de rumos para mitigar a crise climática que a humanidade vive hoje.

Muito pelo contrário: nas últimas décadas, lembra o historiador, houve uma aceleração do desmatamento, das queimadas, do uso de combustíveis fósseis e de muitos outros processos que, movidos por um capitalismo globalizado que não é capaz de respeitar os limites do planeta, vem emitindo quantidades colossais de gases de efeito estufa na atmosfera.

Ao mesmo tempo, os resultados de convenções internacionais para limitar o aquecimento global são extremamente frustrantes, o que faz com que as ações tomadas nos anos 2020 sejam determinantes para o futuro da vida na Terra e as chances de sobrevivência da humanidade.

Esse é a tese de O decênio decisivo. No livro, Marques faz um balanço de como chegamos até aqui, apresentando um conjunto de dados que devem assustar. Em sua avaliação, esse desafio existencial deve ser enfrentado abandonando o que se entende hoje por realismo: não mais usar o passado como régua do futuro, não mais apostar em mudanças brandas e graduais.

Sobreviver em uma era de colapso socioambiental não exige cautela, diz Marques, mas uma redefinição profunda dos fundamentos da economia e da política que regem nossa vida social.

Neste episódio de Ilustríssima Conversa, o autor defende a superação do princípio da soberania nacional absoluta e a subordinação da economia capitalista à dimensão ecológica do planeta. Marques também faz uma avaliação da política ambiental brasileira e das contradições que o governo Lula (PT) terá que enfrentar em relação à Amazônia.

 

Ouça a íntegra:

Também pode te interessar